Depois de mais de duas décadas afastado da direção de cinema, Arnaldo Jabor volta trazendo uma nova obra, A suprema felicidade, que estreia hoje no circuito comercial das salas do País, depois de ter aberto o Festival do Rio e fazer parte da programação da Mostra de São Paulo.

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Em meio a um total clima de nostalgia, o filme de Jabor tem muito dele mesmo, de suas memórias pessoais e de seu passado, de um tempo e de um lugar que já não são mais os mesmos, apesar de não ser um filme autobiográfico, tendo-se em vista a imaginação exacerbada pela qual o cineasta optou.

No filme, recheado de atores globais, intercalam-se três momentos da vida de Paulinho (algo próximo de momentos vividos pelo próprio Jabor quando jovem) enquanto criança, adolescente e saindo da adolescência, com início durante os anos 1940.

Ao redor, Paulinho acompanha o fim da Segunda Guerra Mundial e a decadência do casamento de seus pais. A mãe (Mariana Lima) frustrada por ser proibida pelo marido de trabalhar fora de casa e o pai (Dan Stulbach), que sonha pilotar jatos e age de maneira autoritária com a família.

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Para fugir das brigas e da tensão dentro de casa, Paulinho recorre ao avô (Marco Nanini, excelente no papel), sempre alegre e disposto a ser o companheiro do neto.

É o avô, inclusive, que está presente em muitos dos momentos das primeiras experiências de Paulinho, enquanto o menino vai crescendo, e introduz questionamentos sobre a vida e, especialmente, sobre a busca incessante das pessoas pela felicidade, crescimento, sexo e amor.

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Questionamentos que são o gancho de toda a obra, não apenas entre Paulinho e seu avô, mas também de sua família, seus amigos e demais pessoas do bairro, caricatas, como a turma do pipoqueiro malandrão ou o senhor que passa de casa em casa comprando jornais e papéis velhos. Não se deixa de lado as dúvidas e revolta contra a educação religiosa da época.

Tudo com uma música intensamente dramática e, apesar das questões levantadas na trama, muitos diálogos são truncados, com frases desnecessárias ou que poderiam ter sido construídas com maior cuidado para melhor fluidez da história.

Ou, ainda, cena em que o pai de Paulinho, na mesa de jantar, o manda segurar direito a colher para comer a sopa, quando o menino nem estava com o objeto na mão. Como o próprio Jabor define, A suprema felicidade não tem um gênero.

Mistura memórias e, assim, alterna desespero, risos, melodrama e até um ensaio de bloco carnavalesco. No resultado final, o próprio cineasta diz que buscou, neste novo filme, uma identificação com o espectador. Resta saber se ele conseguiu.