Estréia nesta sexta-feira (25) nos cinemas do País Era Uma Vez…, segundo filme de Breno Silveira, diretor que conseguiu a façanha de ter conquistado a maior bilheteria brasileira dos últimos 20 anos logo em sua estréia nas telonas, com 2 Filhos de Francisco. Com Era Uma Vez…, Breno tirou da gaveta um projeto que existia muito antes de ser convidado para contar a trajetória da dupla Zezé Di Camargo e Luciano. Seu novo filme conta a história de dois jovens, um da classe alta carioca e outro da favela, que se apaixonam. Mas a violência, a pobreza, a truculência da polícia e o tráfico de drogas conduzem o relacionamento para um fim de dilemas.

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Foram 20 anos pensando nessa história, desde que Breno subiu em uma favela com o documentarista Eduardo Coutinho e conheceu o traficante Marcinho VP. Mas, neste mesmo período, vieram Como Nascem os Anjos (de Murilo Salles), Cidade de Deus (Fernando Meirelles), Carandiru (Hector Babenco) e Tropa de Elite (José Padilha), todos falando, de uma certa forma, do mesmo ambiente que insistia em ficar na cabeça de Silveira. “Quando estes filmes estreavam, percebia que precisava de um novo enfoque. Até que resolvi contar uma história de amor para falar sobre essas pessoas invisíveis que descem da favela e trabalham a nossa volta, mas nós não as notamos”, diz Silveira.

Pode parecer clichê. Falar de amor entre classes sociais diferentes também pode soar como repeteco, mas Silveira tem um diferencial: como poucos, ele sabe usar o cinema para arrancar fortes emoções do espectador, que pode precisar de lenços em diversos momentos do filme. Tudo foi milimetricamente escolhido para emocionar, inclusive a trilha sonora. Marisa Monte ajudou com as idéias, especialmente na escolha de Minha Rainha, de Manacéa, compositor da Velha Guarda da Portela, cantada por Luiz Melodia. Mart’nália canta Vide Gal e ainda tem Claudinho e Buchecha (Fico Assim Sem Você). “A participação da Marisa foi fundamental no tom emotivo do filme”, diz Silveira.

Breno foi criterioso ao selecionar o ator que faria o protagonista de sua história. O escolhido, Thiago Martins, parecia uma opção óbvia – afinal, o artista, integrante do grupo Nós do Morro, nasceu e ainda mora na Favela do Vidigal, no Rio. Com as novelas Belíssima e Desejo Proibido no currículo, Martins no entanto, foi recusado durante um ano pelo diretor. Seis testes e seis “nãos”. “Eu dizia para ele que o morro não estava mais na cara dele, que ele estava muito certinho”, diz Silveira.

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Um dia, Thiago apareceu com o cabelo raspado, bronzeado e usando roupas mais simples. Contracenou com Vitória Frate a cena do flerte na praia e conquistou o diretor. Levou o protagonista Dé, morador da Favela Canta Galo que trabalha em uma barraquinha de cachorro quente na praia de Ipanema e se apaixona por Nina, vivida por Vitória – atriz de teatro, que ganhou o papel graças a sua química com o ator.