Estreia em SP musical que desvenda o mito Evita

Para os ricos e poderosos, aquela morena de baixa estatura não passava de uma atriz de segunda linha, dentuça e alpinista social; para os pobres e descamisados, porém, a mulher, agora loira, era uma verdadeira diva por saber tocar os sentimentos mais doloridos das pessoas. Santa ou oportunista, a trajetória de Maria Eva Duarte Perón (1919-1952) foi curta, mas fulminante: de atriz de radionovela, ela se tornou líder política e primeira-dama da Argentina, tecendo para si mesmo uma crisálida de beleza, que incubou a rainha do povo.

As desventuras de uma das mulheres mais famosas do século 20 inspiraram o musical “Evita”, que estreia amanhã, no Teatro Alfa. “Trata-se de uma ópera-rock sobre o universo do poder”, comenta o diretor e produtor Jorge Takla, que investiu R$ 4 milhões na montagem que reúne um elenco de 45 atores e cantores, além de uma orquestra com 20 músicos. “É um épico com toques de conto de fadas.”

De fato, quando conheceu o político Juan Domingo Perón em 1944, Eva não passava de uma estrela sem talento, que mal pronunciava as palavras – chegou ao sexto ano da escola a duras penas. Mas, depois de se casar com Perón, ela descobriu que a personagem de sua vida era ela própria e, ignorando as críticas da classe dominante (que a tachava de meretriz), representou seu papel com uma convicção magistral, transformando-se na “chefe espiritual da nação”.

É justamente sobre esse dualismo em que se apoia o musical. “Evita” foi um dos pontos culminantes na carreira do letrista Tim Rice e do músico Andrew Lloyd Webber – juntos, eles vinham de um clássico (“Jesus Cristo Superstar”, de 1971) e se impressionaram com a história de Eva Perón. Em 1974, Rice visitou os locais onde ela viveu, na Argentina e, depois de minucioso trabalho, preparou, ao lado de Webber, músicas e letras para um espetáculo totalmente cantado, uma ópera-rock, como se chamava na época.

Por conta da complexidade do musical, a dupla decidiu lançar primeiro um disco com as canções, até como um teste de público. O produto chegou às lojas em novembro de 1976 e logo se tornou um sucesso mundial, capitaneado pela faixa que se tornaria símbolo do musical, “Don’t Cry for Me, Argentina” (Não chores por mim, Argentina), na interpretação de Julie Covington.

Finalmente, em julho de 1978, a primeira montagem de Evita estreou em Londres, causando comoção. “O motivo é simples: trata-se de um musical dificílimo de ser cantado”, observa Jorge Takla que, após uma longa audição, escolheu seu trio de protagonistas: Paula Capovilla é Evita, enquanto Daniel Boaventura interpreta Perón e Fred Silveira vive Che Guevara. Qual a relação do famoso guerrilheiro com Evita, exceto o fato de ambos serem argentinos? É uma jogada de mestre dos criadores, que colocam Che como o narrador da história, acompanhando a distância todo o desenrolar da trajetória de Evita até se tornar a senhora Perón. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Evita – Teatro Alfa (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722). Telefone (011) 5693-4000. 5ª, 21h; 6ª, 21h30; sáb., 17h e 21h; dom., 16h e 20h. R$ 40/R$ 185. Estreia amanhã.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo