O romance O Primo Basílio, escrito em 1878 por Eça de Queirós, encontra na bossa nova a trilha perfeita e ganha versão musical, com estreia marcada para hoje, no Teatro Brigadeiro, em São Paulo. O Primo Basílio – O Musical é uma adaptação de Francisca Braga, que transformou os saraus do século 19 em reuniões de jovens que vivem no Rio entre 1959 e 1961. Ali, conflitos marcados por hipocrisia e vaidade rondam o triângulo amoroso da obra. “A trama se divide em dois atos distintos”, comenta o diretor Dan Rosseto.

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O primeiro ato é mais romântico, em tom suave; no segundo, o naturalismo de Eça é mais presente, os conflitos se intensificam. A ironia, a crítica à sociedade portuguesa e, especialmente, o anticlericalismo sempre foram associados à obra do escritor. Depois de iniciar a carreira literária como autor romântico, ele logo se deixou fascinar pela realidade e decidiu enfrentar o mundo: assuntos como a estupidez humana, a mesquinhez da pequena burguesia e a grosseria dos clérigos passaram a figurar em livros que se tornaram clássicos, como O Crime do Padre Amaro e o próprio O Primo Basílio.

Ciente da importância do texto, Dan Rosseto manteve-se o mais fiel possível às palavras: ele buscou a perfeita integração entre os diálogos e as canções, a fim de promover uma transição discreta. Assim, adaptou algumas falas que permitissem o perfeito encaixe com músicas como Estrada do Sol, Insensatez (que ganhou uma versão em tango) e Samba de Uma Nota Só. No elenco, 11 atores sustentam tanto a dramaturgia como o repertório vocal, e ainda 5 músicos que se apresentam ao vivo.

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