Estréia nesta sexta feira (03/08), o espetáculo ?O Terror e a Pena ? um ensaio cômico sobre loucura e liberdade? é um espetáculo baseado na obra de Peter Ulrich Weiss, ?Marat/Sade? ou ?Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat representados pelo grupo teatral do hospício de Charenton sob a direção do senhor de Sade?.

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A peça escrita pelo dramaturgo, cineasta e pintor na década de 60 é uma das mais importantes do século XX ( merecendo encenações de um dos maiores diretores de nossos tempos, Peter Brook, em Londres, na Broadway e ainda uma versão cinematográfica e no Brasil dirigida por Ademar Guerra durante a ditadura militar ) e emprega pertinentes analogias extraídas da história sintetizando com brilho as gigantescas contradições sociais em cujo interior vivemos.

 ?O Terror e a Pena? é formada, antes de mais nada, pela contraposição entre a ?loucura?, representada pelos internos de Charenton que formam o elenco da peça de Sade e a ?sanidade?. Esta facção é integrada pelo diretor do hospício, pelas enfermeiras e freiras, por Sade, que não é doente mental, mas está preso por sua ameaçadora filosofia e, em última análise, pelo público.

Não é necessário saber a história da França para entender a peça, porém é bom lembrar que Jean-Paul Marat foi um dos líderes da Revolução Francesa, um radical que combateu e derrotou os girondinos, moderados na Assembléia, para a qual foi eleito em 1972, sendo morto no ano seguinte por Charlotte Corday, partidária da Gironda. Ao lado de Danton e Robespierre, Marat foi uma das principais cabeças da revolução, que destronou a família real da França e tornou-se um marco divisor de águas na história mundial.

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Apesar do fogo e sangue revolucionários que seguem a esteira de Marat, bem mais truculenta foi a vida do Conde de Sade. A libertinagem, que não fazia questão de esconder conduziu-o à prisão diversas vezes até chegar no Hospício de Charenton onde ficou até sua morte em 1814.

A peça passa-se em 1808, após a Revolução Francesa e durante o Império de Napoleão, quatro anos antes de sua fracassada invasão à Rússia. Este tem em ?O Terror e a Pena? como representante o diretor do Hospício que alega ter métodos modernos e aparenta ser um homem liberal mas freqüentemente adota métodos repressores e brutais.
Os fatos estão apenas sendo representados em um jogo de teatro dentro do teatro. Contudo, a representação do passado superpõe-se ao momento presente do drama e da encenação, entrelaça-se a ele, ameaça-o.

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?O Terror e a Pena? é um grande embate entre o individualismos que move Sade e a luta pelo domínio do destino coletivo, que impulsiona Marat. A encenação do ?ensaio cômico sobre loucura e liberdade? toma a responsabilidade de ser ainda mais pessimista que o próprio autor, transformando em comédia a tragédia da guerra, tranformando em comédia a apatia moderna frente à violência.

Serviço:

O Terror e a Pena

De Sexta a domingo às 21 horas, na Casa de Teatro Edson D´Ávila (anexa ao Teatro Lala Schneider). Rua 13 de maio, 629 ? Informações: 3232-8108 ? Ingressos: R$ 15,00 (inteira) ? R$ 10,00 (bônus) ? R$ 7,00 (estudante)