Um grupo teatral brasileiro e outro alemão unem-se para escrever e montar um espetáculo. Uma questão logo se coloca: que idioma terá a peça? Os dois – e ainda francês, espanhol e inglês. Assim será “Haut Aus Gold” (em português, Pele de Ouro), que há um mês é ensaiada em Berlim pelos seis integrantes da companhia paulistana Tablado de Arruar e estreia na quarta-feira no Maxim Gorki Theater, de Berlim.

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Uma parte do texto foi escrita por Alexandre Dal Farra, diretor do Tablado, e outra, por Tine Rahel Völcker, do Maxim Gorki. A iniciativa tem apoio do Instituto Goethe. O convite para a montagem conjunta foi feita a Dal Farra por Tine. Ela esteve em São Paulo em 2007 e conheceu seu trabalho com o Tablado a partir da peça “A Rua É Um Rio”, encenada em ruas e praças da cidade. “Ela adorou o pouco que entendeu do português”, lembra Dal Farra.

Em 2008, Köhler, Tine e cinco alemães (três atores, a figurinista e o cenógrafo) passaram cinco semanas em São Paulo, já com os textos alinhavados. No fim de maio, os seis atores do Tablado foram à capital alemã, onde a peça estreia já com ingressos esgotados (a São Paulo deve chegar em 2010). A questão do idioma durante o processo de elaboração da peça não foi trivial: entre o diretor brasileiro, Köhler e Tine, usa-se o alemão; na sala de ensaios, confusão geral, já que os alemães falam sua língua entre si e os brasileiros, português.

“É interessante a tentativa de diálogo. As dificuldades são interessantes”, diz Dal Farra. A Medeia é vivida pela atriz brasileira Alexandra Tavares, que só fala português. Então a saída para que os espectadores alemães compreendam as cenas foi criar um artifício usando outro ator, Clayton Mariano, que faz seu filho e tenta traduzir o que ela diz como parte da encenação.

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