Já diz a máxima que quando se trata de adaptar um livro para o cinema é melhor “esquecer” o original para melhor transportar a história para a telona. Quando se trata de renovar um clássico como “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, que já ganhou incontáveis versões para o cinema, o diretor Paul W. S. Anderson (de “Resident Evil”) faz questão de deixar de lado alguns detalhes do original de 1844 e adicionar alguns outros novos.
O filme foi totalmente rodado em tecnologia 3D; os cenários da lendária corte francesa do século 17 e da Torre de Londres são, na verdade, tesouros históricos da Bavária, na Alemanha; o elenco não é e nem fala francês. Os Mosqueteiros têm ares de estrelas de rock da época; D’Artagnan é americano (Logan Lerman), o cardeal Richelieu é vivido pelo alemão Christopher Waltz e Milady de Winter, vivida pela russa Milla Jovovich (mulher de Anderson), tem ares de Bond Girl. Sua personagem, aliás, não só é mestre da dissimulação como agente dupla capaz de fazer manobras dignas da heroína que a atriz vive em “Resident Evil” vestindo pesados vestidos barrocos.
Além da luta para recuperar as joias da Rainha Ana, os quatro heróis tem de encarar o dândi Duke de Buckingham (Orlando Bloom), quer entrar em guerra com a França e possui uma arma tão letal quando futurista (ao menos para a época): navios voadores (ou zepelins pré-históricos?). “Os navios estão um século adiantados na história, é fato, porque surgiram depois, mas eles são incríveis e as cenas de ação com eles dão um ritmo mais incrível ainda ao filme, não?”, diz Anderson em conversa durante o lançamento do filme em Londres na semana passada. É só um detalhe, entre outros: o Rei Luís XVIII da França (Freddie Fox) é um dândi naïf e afetado, mas é um cara simpático, e a bela Constance (amor de D’Artagnan) é solteira e não morre no final. Ao menos, não neste (talvez) primeiro filme. Haverá uma sequência de “Os Três Mosqueteiros”? “Depende do público. Se o público gostar, sim”, responde um animado Anderson.
Se depender do público alvo do filme, a sequência pode ser ótima pedida. Afinal, o clássico nasceu como uma trilogia e, ao longo da história, virou franquia até mesmo em desenho animado. “E é fato que esta é uma versão para o público teen. É o público que, como eu, cresceu até mesmo conhecendo bem a história dos mosqueteiros, mas não necessariamente leu o original.”
A análise é do novato Logan Lerman, de apenas 19 anos. Pode-se dizer que D’Artagnan é o protagonista da história? “Sim. É claro que os três mosqueteiros, mais velhos, estão em primeiro plano também, mas é a trajetória do D’Artagnan, é sua luta para se tornar adulto, ser um mosqueteiro, migrar de uma pequena vila e sobreviver na grande Paris, que o filme mostra”, responde o jovem ator, que nasceu e vive em Beverly Hills.
Já o trio “maduro” da trama, Ray Stevenson (Porthos), Luke Evans (Aramis) e Matthew Macfadyen (Athos) não acha que só os teens vão gostar do filme. “Todos lemos o livro na infância e queríamos ser um mosqueteiro, brincávamos disso na escola. Tantos os mais jovens quanto os mais velhos vão se identificar”, disseram, em coro. O fato é que Anderson conseguiu fazer um “Três Mosqueteiros” pós-moderno. “Sempre quis fazer um filme assim. É pura diversão”, diz o diretor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.