Espetáculo Firefly brinca com a ilusão criada pela iluminação

É uma tradição antiga, que começou com ilusionistas e passou por visionários como o cineasta francês Georges Méliès (1861-1938): encantar com a ciência e tecnologia e comover com a arte. Ao unir suas paixões, o coreógrafo americano Anthony Heinl faz o mesmo com a eVolution Dance Theater. Nesta terça, 21, a companhia estabelecida na Itália se apresenta no Teatro Alfa, em São Paulo. A turnê passará ainda pelo Rio, Paulínia, Porto Alegre, Joinville, Recife, Petrópolis e Nova Friburgo.

Criado em 2008, o grupo apresenta no Brasil o espetáculo Firefly, que une dança, teatro, acrobacias, ilusionismo e efeitos especiais. “Sempre gostei muito de ciência e tecnologia, mas também cresci fazendo teatro. Então, tive de escolher. Comecei a estudar Química e Física na universidade, mas decidi que queria tentar fazer teatro”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo, por telefone.

O encantamento que ele busca causar com o trabalho teve inspiração na infância, quando observava vaga-lumes (fireflies, em inglês) no quintal de casa, no verão. “Havia aquele dia em que você estaria olhando para o jardim e de repente tudo seria iluminado por esses pequenos bichos. Era fascinante, mágico. Uma coisa simples, mas que sempre amei ver.”

Heinl deseja que o público tenha a mesma experiência singular ao assistir ao espetáculo. No entanto, prefere não oferecer muitas explicações sobre o que surge no palco. Quer que cada um se encarregue de dar significados para aquilo que vê.

Luz negra

Em Firefly, figuras misteriosas aparecem sob a luz negra. Nunca se sabe de onde surgem e para onde vão. Elas interagem com objetos que, como os bailarinos, ganham vida por meio das cores, iluminação e dos movimentos. “É difícil fazer tudo no escuro. Temos milhares de objetos e precisamos colocar tudo no lugar certo.”

Para se habituar às dificuldades e explorar novas técnicas, o elenco ensaia oito horas todos os dias. Segundo o coreógrafo, no estúdio, uma ideia se transforma em “um milhão de possibilidades” que são testadas até que seja encontrada a alternativa ideal. Depois, vem a repetição exaustiva, para chegar à execução natural e sem falhas.

Momix. Essa é a quarta vez que Heinl visita o Brasil. Nas três anteriores, veio como integrante da consagrada companhia americana Momix, na qual dançou por cinco anos. “Voltar com a minha própria companhia é um sonho. Você nunca imagina, quando é performer, que dez ou 15 anos depois vai estar lá com seu grupo. É inacreditável.”

Foi o trabalho no Momix que o motivou a criar a eVolution. Após percorrer o mundo e participar do desenvolvimento de espetáculos, decidiu que já era hora de ser responsável por todo o processo. “Eu criava as tecnologias e ideias e alguém terminava a obra. Queria ser responsável por concluir, também.”

Segundo Heinl, a semente para o estilo adotado pela eVolution – que também inspirou o Momix – vem do coreógrafo americano Alwin Nikolais (1910-1993), outro visionário. A partir dos anos 1950, ele criou trabalhos de vanguarda, para os quais elaborava músicas, cenários, figurinos, iluminação e coreografia. A união de tudo tornava o palco um ambiente onírico.

“Alwin Nikolais foi quem começou esse gênero. Um dos meus professores na universidade era bailarino dele. Comecei a ficar interessado em seu trabalho. Achei muito futurista. Acredito que a maior razão pela qual não vemos mais seu trabalho é porque a música era muito experimental. Ele usava o sintetizador Moog e coisas assim dos anos 1960.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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