Cacilda Becker é uma obsessão antiga de José Celso Martinez Corrêa. Desde os anos 1990, o diretor do Oficina se dedica à memória da maior atriz brasileira. Quando resolveu estrear “Cacilda!!!”, a motivação não era diferente. Mas a multidão nas ruas atropelou a trama que já estava pronta para ir ao palco.

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A montagem que entra em cartaz neste sábado em São Paulo – depois de ser vista em Araraquara, São José dos Campos e Sorocaba – não é aquela que o encenador passou meses ensaiando. Boa parte daquilo que o espectador verá foi concebido em apenas nove dias. E aproxima as convulsões sociais a que o País assiste desde junho da turbulência política de 1968. “Na peça, não estamos falando do passado, mas de 2013. É aqui e agora que as coisas se passam”, comenta o diretor.

Esse é o terceiro espetáculo que o Teatro Oficina dedica à trajetória de Cacilda. No primeiro, de 1998, a atriz era observada sob diversos pontos de vista e em diferentes momentos. Do último ano de sua vida: 1969, quando sofre um aneurisma cerebral enquanto encenava “Esperando Godot”. Até a juventude e os primeiros passos no teatro. A segunda obra, lançada no ano passado, cobria o início de sua carreira no Rio de Janeiro.

Na nova produção, são duas as fases abordadas. Durante o primeiro ato, acompanhamos os marcantes anos que Cacilda Becker viveu no TBC – Teatro Brasileiro de Comédia. Após o intervalo, será uma artista amadurecida que retorna à cena. Em 1968, a atriz assumia a presidência da Comissão Estadual do Teatro. “Era o equivalente a uma secretaria, mas ela fez por nós o que faria um ministério”, comenta Zé Celso. “Foi uma líder não só do teatro, mas das artes.”

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A mulher que assumiu a liderança da classe teatral no auge da censura e da repressão militar havia se tornado mais do que uma atriz. “Cacilda tem dimensão popular”, crê o encenador. “Eu me prometi que ela seria reconhecida para além dos limites do teatro, que são pequenos para ela.”

Há uma Cacilda para cada fase: Camila Amado a interpreta nos anos do TBC e Sylvia Prado dá vida à atriz no período da ditadura militar. Ao restante do elenco cabem papéis fixos. Zé Celso surge como Franco Zampari, empresário italiano responsável pela criação do Teatro Brasileiro de Comédia. Marcelo Drummond encarna Walmor Chagas, segundo marido da atriz. Figuras determinantes para as artes brasileiras entre os anos 1940 e 1960 estão presentes no espetáculo. Ruth Escobar, Adolfo Celi, Tônia Carrero, Alfredo Mesquita, Décio de Almeida Prado, Cleyde Yáconis e Nydia Licia estão entre as personalidades lembradas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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CACILDA!!! GLÓRIA NO TBC – CAPÍTULO 1

Teatro Oficina (R. Jaceguai, 520, tel. 3106-2818). 6ª, 19 h; sáb. e dom., 18 h. R$ 5/R$ 40. Até 1º/9.