Especialistas que aparecem na TV sofrem com “fãs” inconvenientes

Quando o Professor Pasquale Cipro Neto, o Doutor Dráuzio Varella e o Padre Oscar Quevedo foram convidados a participar de programas de televisão, pensaram que iriam apenas ampliar o alcance de seus conhecimentos e, claro, ganhar alguma fama. Mas, quando esses e outros profissionais de áreas originalmente alienígenas à TV passam a ser expostos na mídia, muitas outras coisas vêm em seguida. Começa simpaticamente, com educados pedidos de autógrafos. Segue-se solicitações de entrevistas. Mais um tempo, passam a encontrar verdadeiros fãs, daqueles que perdem o fôlego perto do ídolo. E a coisa vai crescendo a ponto de surgirem efeitos colaterais da fama muito pouco desejáveis.

Todos eles, sem exceção, têm uma história para contar. Afinal, abordagens inconvenientes podem acontecer tanto no saguão de um aeroporto quanto no banheiro de uma rodoviária. Foi esse o cenário de uma das abordagens mais inusitadas do médico Dráuzio Varella, que apresentou o quadro Fôlego, no Fantástico. Um sujeito que fazia xixi ao seu lado lhe perguntou: “Doutor, o que é isso aqui no meu pênis?”. “Disse que era uma lesão de herpes e sugeri que procurasse um hospital. Esse tipo de abordagem já virou rotina”, resigna-se, bem-humorado.

O Professor Pasquale Cipro Neto, do Nossa Língua Portuguesa, da Cultura, que o diga. Um belo dia, enquanto aguardava seu vôo, foi abordado por um senhor aparentemente preocupado em esclarecer uma dúvida de português. Pasquale respondeu à pergunta e se dirigiu ao portão de embarque. Diante da pressa do professor, o sujeito começou a destratá-lo. “Ele perguntou “quem eu pensava que era??. Respondi que era um passageiro atrasado para o vôo e que o piloto não ia esperar eu responder a dúvida dele”, tenta explicar.

Por essas e outras, o psicanalista José Ângelo Gaiarsa, que trabalhou por 10 anos na Band, desenvolveu um método eficaz para afugentar os “chatos de plantão”. Quando desconfia que uma abordagem vai durar mais que um breve cumprimento, logo recorre a um gesto mais firme, um tom de voz mais incisivo ou um andar mais apressado. “Tem uns chatos que grudam mesmo. Se você não fizer alguma coisa, eles emendam uma história na outra. Não estou aqui para dar consulta de graça no meio da rua!”, queixa-se.

Dar consulta no meio da rua, porém, é o que mais acontece. “Quando eles começam com aquela história do “posso falar um minutinho com o senhor??, não tem jeito”, brinca o advogado Rogério Farah, do Programa do Ratinho, do SBT. Embora tenha se especializado em área de família, tira dúvida sobre férias, 13º salário, rescisão por justa causa e afins. “As pessoas não me pedem autógrafos, pedem orientação. E eu as oriento sempre que possível”, garante o advogado.

O ginecologista José Bento, do Note & Anote, da Record, também pensa assim. Ele já respondeu até ao manobrista de um restaurante, que indagou sobre a menstruação da namorada, atrasada há dois meses. A abordagem mais inesperada, porém, partiu de um menino de 12 anos, que perguntou o que era ejaculação precoce. “Mas você já está pensando nisso, rapaz? Não é muito cedo, não?”, retrucou, bem-humorado.

Até o matemático Oswald de Souza perdeu as contas das vezes em que foi abordado na rua por pessoas que queriam que ele fizesse uma “fezinha” na loteria esportiva. Tudo por causa dos quase 20 anos de Fantástico, onde ele calculava o provável número dos ganhadores da loteria. “As pessoas pensam que sou capaz de adivinhar os números da Sena ou o resultado dos jogos. Mas não sou adivinho. Sou matemático!”, enfatiza.

O Padre Oscar Quevedo garante que nunca passou por nenhuma “saia-justa” na rua. Também pudera. O jeitão meio briguento do ex-Caçador de Enigmas, do Fantástico, parece intimidar eventuais detratores. Em vez de abordá-lo na rua, tais opositores preferem atacá-lo via e-mail ou através de “despachos” deixados na porta da sua casa em São Paulo. “Não tenho medo de feitiços. Pelo contrário. Guardo alguns deles de recordação. O meu preferido é um sapo com a boca costurada”, espezinha, com a irreverência habitual.

Instantâneas

# Filho de imigrantes italianos, o Professor Pasquale Cipro Neto só aprendeu a falar o português depois de fluente no idioma paterno. Além disso, o seu primeiro emprego foi como professor de um cursinho de inglês.

# Oswald de Souza joga, mas só arrisca os números quando o prêmio é gordo. Já acertou os 13 pontos da loteria esportiva, mas ressalva que o prêmio não foi tão vultoso assim. “Deu para trocar de carro”, limita-se a dizer.

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