A autora brasiliense do gênero erótico Helena de Almeida Cardoso Brandi Monteiro está perplexa e indignada. Ela denuncia que está sendo vítima de preconceito por parte do Estado brasileiro – mais especificamente, do sistema de incentivo às artes do Ministério da Cultura.
A escritora enviou um projeto para se habilitar a captar recursos por meio da lei de incentivo à cultura para um livro e um blog. Foi recusada duas vezes. Ao ler o texto que justificava a negativa, deparou-se com alegações que considera moralistas, como a de que seja “baladeira”. Outra alegação é que ela é estreante – o que não é comum como critério do MinC.
O detalhe é que Helena é, ela mesma, consultora de projetos culturais. “Em cerca de quatro anos, já inscrevi na lei Rouanet mais de 15 projetos para diferentes artistas. Todos foram aprovados. O único projeto de minha autoria que vi ser indeferido até hoje foi o dos meus livros”, ela se espantou.
Seguindo a trilha aberta por Bruna Surfistinha, Helena Monteiro resolveu aventurar-se na literatura com uma persona realista, e publica contos eróticos e conteúdo sobre sexualidade. Helena crê que alguns de seus textos escandalizaram o parecerista. Um trecho citado: “Comecei a me relacionar com diferentes homens na rua, para testar a minha reação e o que achava disso. Bati meu recorde: sete caras num mês. Vi que tinha gostado mesmo de poucos. Além do mais, nem cheguei a cobrar de nenhum”, ela escreve, em Lasciva Conta Tudo.
Jornalista formada pela UnB e especialista em Relações Públicas pela Universidade de São Paulo, Helena se pergunta quando é que o Estado vai passar a considerar a literatura erótica como parte do escopo da literatura mundial. Tal incompreensão, ela considera, não teria nunca permitido que surgissem obras como a de Anaïs Nin, e Cassandra Rios (das quais ela é fã).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.