O escritor irlandês John Banville, autor de O Mar, venceu nessa quarta-feira, 04, o prêmio Príncipe de Astúrias de Literatura, um dos mais importantes da Europa.

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O júri, reunido na cidade de Oviedo, na Espanha, destacou o escritor por sua “inteligente, profunda e original criação novelesca”, e também elogiou as obras sob o pseudônimo Benjamin Black, “autor de assombrosas e críticas histórias policiais”. Banville utiliza esse pseudônimo para escrever histórias de suspense ambientadas na Dublin dos anos 1950.

“A prosa de John Banville abre-se a deslumbrantes espaços líricos por meio de referências culturais, nas quais se revitalizam os mitos clássicos e a beleza dá as mãos à ironia”, acrescentou o júri na ata.

O escritor, que publicou seu primeiro romance, Long Lankin, em 1970, recebeu em 2005 seu prêmio mais importante por O Mar, quando foi agraciado com o Man Booker Prize, principal reconhecimento literário do Reino Unido.

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No Brasil, o autor tem livros publicados pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros. Em julho, a editora vai lançar os inéditos Eclipse e Sudário. Os livros fazem parte de uma trilogia ao lado de Luz Antiga, lançado em 2013 durante a Festa Literária Internacional de Paraty.

“É um grande prazer e uma grande honra ser premiado, sei a grandeza deste prêmio, tanto cultural como historicamente, e, sinceramente, estou muito orgulhoso que meu nome esteja na lista dos grandes escritores que o receberam”, disse Banville, na quarta, em um comunicado. Ele acrescentou que está emocionado por ser premiado no país de Cervantes, “pai do romance de ficção moderno”.

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Eclipse foi traduzido pelo tradutor do jornal O Estado de S.Paulo, Celso Paciornik, que entregou o livro revisado há poucos dias para a editora. “Banville é, sem dúvida, um estilista poderoso”, diz. “Ele carrega a tradição irlandesa de James Joyce e George Bernard Shaw.” O romance é a primeira parte da trilogia que conta a história do ator Alexander Cleave, que abandona a carreira artística para retornar à casa da infância. Narrado em primeira pessoa, o livro trabalha o tempo todo com a memória, tema caro à ficção do irlandês.

“Já é sabido que nossas lembranças não reproduzem exatamente os fatos como aconteceram”, disse o escritor ao jornal O Estado de S.Paulo em julho de 2013. “Criamos modelos nos quais nos apoiamos, mas que constantemente são negados quando temos a chance de conferir: os olhos daquela pessoa não são daquela cor ou o quarto não estava daquele jeito. A memória é, portanto, uma sucessão de modelos em constante transformação.”

Banville é um verdadeiro colecionador de prêmios literários: além do Man Booker Prize, já venceu o Franz Kafka, o prêmio irlandês da PEN, e outros americanos e italianos. Colaborador frequente do jornal The New York Times, Banville se une agora a escritores como Maria Vargas Llosa, Philip Roth e Doris Lessing, todos vencedores do Príncipe de Astúrias.

O autor nasceu em Wexford, na Irlanda, em 1945. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.