É verdade que os circos de auditório de TV estão mais envergonhados que 20 anos atrás. Sushi erótico, entrevista simulada com falsos membros do PCC, banheira do Gugu e outras bizarrices têm se recolhido ao leque do tom politicamente correto. Nem por isso o Tudo Pela Audiência, que se esmera em escrachar o escracho dos auditórios, está fora de seu tempo. Mix de homenagem e sátira ao gênero, o programa comandado por Fábio Porchat e Tatá Werneck entra, nesta segunda-feira, 9 de maio, em sua 3ª temporada, com 30 episódios a serem exibidos de segunda a sexta, às 22h30, pelo Multishow.
Só como termômetro de que o Tudo Pela Audiência faz jus à contemporaneidade dos auditórios, Marcos Mion, um dos convidados desta temporada, deu de cara lá com um anão que ele já conhecia de seu programa. “Ele tinha participado, no Legendários, do quadro ‘é anão ou não é’, em que aparecia só o rosto das pessoas em um buraco e tinham de adivinhar quem era anão ou não”, conta Porchat. “Aí, a gente falou: ‘tá vendo, o Mion tá muito à frente do nosso programa'”.
A reportagem acompanhou uma gravação do programa no Rio, mais comportada que o habitual, em razão da convidada do dia: Maísa Silva, 14 anos, a garota prodígio do SBT. Mas Porchat e Tatá, preparados para não “pegar pesado” com a pequena, se surpreenderam com a rapidez e o conhecimento dela. “Você não é de Jesus”, brincou Tata.
Na temporada da vez, cada convidado entrará no palco por meio de algum objeto relativo à sua trajetória. Maisinha aparece de um baú, referência ao Baú da Felicidade. E, como fez uma vez com Silvio Santos, puxando-lhe a peruca, será convidada a descobrir, na plateia, quem usa peruca.
Já Amaury Jr., outro convidado, sairá de um banheiro químico, indício das grandes festanças que já percorreu com seu programa. E, a cada vez que seu nome for pronunciado, tocará o hit de sua revista eletrônica, Keeping Coming Love.
O time de convidados inclui ainda Buchecha, Daniela Cicarelli, os cassetas Hélio de La Peña e Cláudio Manoel, Ludmilla, Nego do Borel, Supla, Tiago Iorc e o trio Fábio Arruda, Val Marchiori e Renata Banhara.
Perdoa, um dos novos quadros, põe em cena dois desafetos para lavar roupa suja. Tem ainda o Responde ou Sensualiza, que desafia o convidado a responder a uma série de perguntas. Quem erra é levado a se pendurar em um dos postes de pole dance instalados no auditório, onde dois dançarinos passam o programa todo em constante coreografia de sobe e desce.
“As pessoas às vezes falam que isso aqui é muito exagerado, mas fazem coisas inacreditáveis”, conta Tatá. “O Liminha (assistente de palco do SBT)”, continua Porchat, “chupou o pé de uma mulher na plateia, tinha que dar um Rivotril pra ele.” Antes de iniciar a gravação, Porchat conversa com a plateia, com quem a dupla interage durante todo o programa. A maioria se oferece para participar das brincadeiras. No novo cenário, dois tobogãs instalados no auditório também inspiram o público a se movimentar, o que só torna mais frenético o ritmo de câmera nervosa, típica dos programas do gênero.
Em três temporadas, Porchat e Tatá aprenderam a lidar com o “não” de muita gente que eles gostariam de ver por lá. A Globo não libera seus artistas quase nunca, o que já os fez desistir de pensar em Luciano Huck ou Fernanda Lima. Faustão seria um sonho. O SBT é mais generoso, mas Raul Gil e Celso Portiolli vivem escapulindo. Têm medo, acredita Porchat. Mas há também aqueles que a dupla não se permite escrachar, como Carlos Alberto de Nóbrega e Dedé Santana. “Esses, pra nós, são intocáveis”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.