(texto argumentativo)
Ao produzir um texto argumentativo tem-se a intenção de persuasão, convencer alguém de algo (comprar um determinado produto, adotar determinada postura, aceitar determinado conceito…). e, essa ação de persuadir se dá através de recursos de natureza lógica e lingüística, que na perspectiva da Retórica Moderna, fundamentam-se em noções e acordos.
Noções seriam a significação geral e específica que os termos (ou palavras) utilizados terão em determinados contextos. Segundo Perelmam (1997, p.109), “em uma língua viva temos noções formalizadas; noções de experiência empírica comum; noções confusas e noções referentes às totalidades parecidas; e, para compreendermos se está se tratando de uma noção ou de outra é o contexto ou o sistema que informará de que noção se trata”
No caso de argumentação, as noções não são formalizadas porque estarão sendo elas próprias, juntamente com o que se defende no contexto, desenvolvidos no decorrer da argumentação através de procedimentos que defenderão um ou outro significado mais apropriado àquela determinada noção.
Desta maneira, ao argumentar-se é necessário que se tenha em mente o interlocutor do texto que está se desenvolvendo, porque a utilização das noções, a defesa de idéia, a persuasão só ocorrerá se houver um acordo feito entre o orador/escritor e seu interlocutor.
Perelmam nos orienta que esses acordos se darão através dos objetos de acordo, que podem ser fatos, verdades, presunções, valores, hierarquias de valores. Será, portanto, através desses objetos de acordo que se dará o desenvolvimento da argumentação.
Para que haja a possibilidade de que determinadas noções e certos acordos sejam aceitos e consigam persuadir o interlocutor, são adotadas algumas técnicas argumentativas: as que partem de argumentos quase lógicos e as que partem de argumentos baseados na estrutura do real. Os argumentos quase lógico são os que se caracterizam pelo caráter não formal e o esforço mental de que necessita sua redução ao formal.
Entre os argumentos quase lógicos estão aqueles que apelam para estruturas lógicas, ou seja, aqueles que já foram ( de certa maneira) formalizados e servirão como sustentação do que se quer argumentar. Por exemplo, leis naturais, conceitos científicos, normas… entre esses argumentos estão os de contradição e os de incompatibilidade. Há também entre os argumentos quase lógicos a utilização de analiticidade, de análise e de tecnologia, que através do desenvolvimento de comparações, fundamentarão a argumentação. Há, ainda, entre os quase lógicos os argumentos de reciprocidade e os de transitividade.
Os argumentos baseados na estrutura do real valem-se da estrutura da realidade vivenciada pelos interlocutores para construir a argumentação. Neste caso, o essencial é que eles pareçam suficientemente garantidos para permitir o desenvolvimento da argumentação. Aqui caberá a utilização de causas e conseqüências de um determinado fato; ou meios e fins para atingir-se um objetivo.
Portanto, há procedimentos em relação à construção da argumentação, que devem ser observados com maior atenção.
Afinal, ao argumentar tanto por escrito, quanto oralmente tem-se a intenção de persuadir o interlocutor. E isso só se dará através da utilização de recursos de natureza “lógica” e lingüística, recursos esses fundamentados em acordos e noções. E é fundamental ao desenvolver-se uma argumentação a interação entre autor/orador e leitores/ouvintes. Essa interação possibilitará atingir o objetivo de convencer (cativar, encantar, seduzir…) se os recursos forem utilizados de maneira qual possibilite essa persuasão.
Rosana de Fátima Silveira Jammal
é professora de português e especialista em lingüística.