Grant Watson, curador da mostra do Sesc
Focada no interesse pela cultura vernacular estudada por professores e alunos da Bauhaus e nos desdobramentos gerados por seu legado ao redor do mundo, a mostra bauhaus imaginista: Aprendizados Recíprocos busca mapear conexões e influências presentes no universo da escola. É o que comenta Grant Watson, curador da mostra que abre no Sesc Pompeia.
Parece que vocês irão mostrar uma perspectiva muito nova sobre a Bauhaus. Acha que ainda há um desconhecimento geral das múltiplas vertentes existentes na escola?
O legado da Bauhaus é conhecido em partes, sendo a maior delas aquela relacionada às figuras que foram para os Estados Unidos. Nós contaremos parte desta narrativa, mas também uma série de genealogias menos conhecidas, como o período em que Hannes Meyer e um grupo de arquitetos da Bauhaus passou na União Soviética nos anos 1930 e a relação do design moderno na Índia que se conecta com a Escola de Ulm. Também apresentamos uma série de fragmentos e estudos ainda em processo de compreensão – ainda há muita pesquisa a ser feita -, o que permitirá a possibilidade da etapa final da bauhaus imaginista, no ano que vem em Berlim (na Haus der Kulturen der Welt), trazer ao público essas diferentes narrativas.
O ponto de partida da exposição é um desenho feito por Paul Klee durante sua estadia no Marrocos. Como se deu essa conexão entre o artista e a escola de Casablanca?
Existem dois links principais que guiam a exposição: um geográfico e outro conceitual. Klee viajou à Tunísia e ao Egito e seu pequeno desenho de um tapete do norte da África reflete a influência dessas experiências em sua prática, definidas por ele como fundamentais em seu trabalho com cor e abstracionismo. Depois disso, nos anos 1960, a escola de Casablanca, no Marrocos, olha para tanto para a tradição local como para a pedagogia bauhauseana, na qual Klee era uma figura central, quando busca romper com o modelo francês educacional estabelecido nos anos sob colonialismo europeu.
Qual será o ponto de conexão entre o IAC e as outras escolas citadas?
Quando (o arquiteto) Jacob Ruchti, ao lado de Lina Bo e Pietro Maria Bardi, desejava criar a escola de design do Masp, no começo dos anos 1950, eles olharam muito especificamente para os modelos da Bauhaus, especialmente o criado em Chicago posteriormente por László Moholy-Nagy, visitado por Ruchti. O designer também trocou cartas com o Black Mountain College para definir o currículo da escola paulista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
