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Escocesa Cora Bissett estreia ‘What Girl Are Made Of’ no Cultura Inglesa Festival

A atriz, diretora e autora Cora Bissett está vivendo um sonho. E pela segunda vez. Quando tinha 17 anos, a escocesa assinou – não ela, mas seus pais – um contrato com a gravadora Fontana para a produção de cinco álbuns da banda de indie-rock Darlingheart, da qual foi vocalista. Os próximos anos foram de intensas turnês por todo Reino Unido, ao lado de bandas como Blur, Radiohead e The Cranberries. Nos dias 24, 25 e 26, a artista resgata suas memórias musicais em What Girls Are Made Of, espetáculo que chega direto do Festival de Edimburgo para o 23º Cultura Inglesa Festival, no Teatro Faap.

Tudo começou em 1992, quando os integrantes da banda buscavam uma vocalista. Agora, mais de 25 anos depois, ela sobe ao palco acompanhada de música ao vivo e concorda, em entrevista ao Estado, que a sensação é a de nunca ter parado. “Sim, parece que estou de novo em uma banda! Nós nunca fizemos turnê fora do Reino Unido, então na verdade isso parece mais rock’n roll do que a já banda fez!”

O retorno a tantas lembranças agradáveis, entretanto, não se deu por um caminho totalmente alegre. Cora reencontrou seus diários após a morte de seu pai. Enquanto relembrava das aventuras como vocalista, também lidava com a dor do luto. “Os diários estavam no apartamento dele. Meu pai sofria de demência e, de alguma forma, todos sofriam com ele. Escrever esse espetáculo foi uma forma de prestar homenagem.”

Não era para menos. Cora lembra que quando ele assinou o contrato com a Fontana, os 17 anos da garota não incluíam maturidade suficiente para compreender uma decisão tão importante. “Eu imaginei que se tudo desse errado, eu voltaria a estudar ou algo assim.”

A boa notícia é que não deu. E é exposta ao universo indie que ela compôs a dramaturgia, unindo as descrições presentes em seus relatos, as memórias e sensações despertadas e uma boa dose de “instinto”. Entre os materiais usados como referência estão os seus discos de vinil, recortes e fotos e um bom acervo que mantém consigo. ” São panfletos de todas as bandas com as quais tocamos, os folhetos dos hotéis e algumas fotos das bandas com as quais fizemos turnê.”

Em cena, Cora tem a direção de Orla O’Loughlin, importante encenadora do Traverse Theatre, e direção musical de Michael John McCarthy. Diante de uma década em que os grunges herdaram o mundo com o indie rock, escolher as canções que fariam parte do espetáculo foi mais uma forma de reviver gostosas lembranças e a rotina de uma vocalista, lembra a atriz. “Orla criou um ambiente muito desconstruído e sempre começávamos os ensaios com um aquecimento próprio de uma banda, tocando as músicas e buscando colocá-las em contexto.”

Como o combinado, Darlingheart cumpriu o contrato mas não houve novas oportunidades para Cora. Então foi preciso criá-las. De olho no cenário artístico de Edimburgo, ela fez parte de grupos de literatura e escrita a trabalhos voluntários. O que a levou ao teatro não foi nenhum mistério. No início, com um grupo teatral estudantil, a experiência como cantora serviu como um ímã de volta aos palcos. Mais tarde, Cora entrou para a faculdade de teatro, e teve a bênção – mais uma – dos pais. “Ao contrário da maioria dos outros pais que acham que a vida de atriz é precária para seus filhos, os meus reagiram mais como “Viva! Um trabalho de verdade!”

A repercussão de What Girls Are Made Off visto na última edição do Fringe, em Edimburgo, foi definido por ela como “elétrica.” No momento atual em que brilham de todos os lados – das séries à política – personagens fortes e autônomas, o espetáculo parece unir diferentes mulheres no ritmo do rock. “A mensagem de que está tudo bem se você falhar, que é preciso tempo para descobrir quem você é, e o que você está tentando fazer no mundo parece ressoar em mulheres de todas as gerações.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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