A meia hora do fim do expediente em uma loja de carros usados, um desconhecido entrou para fazer negócio com Steve McHugh, que não queria chegar tarde em casa. A argumentação do cliente, Antonio Palazzola, foi tão boa que, anos depois, a dupla abriu uma loja de penhores onde também realiza trocas de objetos em que valores em dinheiro não dizem nada. Foi assim que os norte-americanos foram parar no reality Barter Kings, cuja terceira temporada está no ar pelo canal A&E, todas as quartas, às 22h30.
O talento para fazer escambo parece ter passado para a geração seguinte. “Ensino meus filhos a fazerem acordos em geral. Um mês depois de o programa ter começado, eles começaram a trocar de quartos em casa, negociavam para ver quem ficava com cama maior”, contou McHugh à reportagem, em um encontro com a imprensa latina, no México. “Meu filho de 12 anos faz isso a toda hora, troca com os colegas de escola”, confessa ainda Palazzola.
Assim como os comerciantes, suas famílias não demoraram para se acostumar com as câmeras e a equipe do programa, que os acompanham quatro vezes por semana nas duas lojas, uma na Califórnia e a outra do Estado de Utah. “Eu não me sinto normal sem uma câmera por perto. Elas me atraem agora”, confessa McHugh. A exposição na TV, segundo eles, não interferiu muito nos negócios. “O aumento no movimento foi de 5%, pois não fazemos anúncios”, avalia Palazzola.
Entretanto, os dois sentiram a fama. “Tem gente até do Alasca que vem trocar coisas. As pessoas põem a loja no roteiro de férias”, conta Palazzola. Os comerciantes já desbancaram até celebridades dos EUA.
“Uma vez, fomos a Las Vegas, entramos no elevador e reconheci o David Spade (humorista que faz um espetáculo de longa temporada por lá). Um grupo de fãs veio e começou a gritar nossos nomes. Pensei que fossem falar com ele”, relembra McHugh. “Tenho filhos adolescentes e eles ficaram famosos na escola”, completa o seu sócio.
Há ainda os desavisados que vão à loja sem perceber que estão na locação de Barter Kings. “Uma garota chegou para fazer uma troca e viu uma foto nossa que fica atrás do balcão. De repente, ela congelou não conseguia falar mais”, diverte-se McHugh.
Os participantes do reality, amigos há 19 anos, que trocam desde objetos como instrumentos musicais e computadores até veículos grandes, revelam já ter participado de negociações bizarras. “A situação mais estranha foi um cara que quis trocar uma cobra de quase 3 metros. Foi assustador, mas nós a trocamos por uma arma de paintball. Lembrei que havia um pequeno zoológico na cidade e a levei para a dona. Ela não tinha nada que quiséssemos, mas fez um grande favor em aceitar ficar com o bicho”, diz McHugh.
Apesar de o programa mostrar a realidade norte-americana, os comerciantes acreditam que a atração seduz telespectadores de outros países. “As pessoas voltam estressadas do trabalho. Nós motivamos e fazemos piadas, isso relaxa. Poucos programas de TV conseguem isso”, aposta Palazzola. Os dois assistem ao Quem Dá Mais?, exibido no mesmo canal. No reality, compradores participam de leilões de guarda-móveis, em que têm apenas um minuto para ver o que está em oferta. Para McHugh, ele e seu sócio se dariam bem nas barganhas. “Somos mais espertos do que eles. Vamos nos dar bem.”
O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO CANAL A&E
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.