Érika Machado lança segundo álbum

A voz é doce, quase infantil. As letras, não. Em seu segundo álbum de estúdio, “Bem Me Quer, Mal Me Quer”, a mineira Érika Machado, de 32 anos, deixou de lado as canções ensolaradas para falar de tristezas e decepções amorosas. “A música, para mim, é como uma fotografia. Ela registra o que você está sentindo no momento em que compôs”, diz Érika.

A justificativa também serve para explicar a arte da capa: um desenho feito por ela, de uma menina tirando uma foto. “Tudo é estética. As letras e o processo de criação retratam o que eu vivo”, afirma a cantora, que também é artista plástica por formação.

Foi por causa desse cuidado em criar um conceito artístico coeso que Érika deixou de lado uma porção de composições que já estavam prontas para poder gravar outras, mais de acordo com a nova proposta e com o momento que estava vivendo.

O resultado foram 13 faixas permeadas por um discurso melancólico. Bom exemplo é a letra de “Tanto Faz”, que traz versos como: “Já não há / motivos pra que eu não avance os sinas / Ninguém presta atenção / Eu dobro uma esquina / Eu entro na contramão / Vou com os olhos grudados no chão”.

Mas a grande diferença entre este disco e o anterior, “No Cimento”, de 2006, é o entrosamento de Érika com a banda. No primeiro trabalho, tudo era muito novo e a cantora ainda estava descobrindo os potenciais de cada um.

O resultado deu certo e a produção continuou com a mesma equipe, inclusive tendo John Ulhoa, guitarrista do Pato Fu, como produtor. “Construímos um trabalho juntos. Hoje sou amiga de toda a equipe. E foi essa convivência que fez chegar onde cheguei”, explica.

Sua primeira investida como cantora ocorreu em 2003, quando lançou o CD “Baratinho” dentro do projeto de intervenção urbana Os Novos Utópicos. O álbum, gravado em casa, foi vendido em banca de camelô em Belo Horizonte. Foi por meio desse disco que pessoas como John tomaram conhecimento do potencial de Érika.

“Ele valorizou meu trabalho desde o primeiro álbum, tanto esteticamente quanto conceitualmente.” Além de produzir para Érika, John também já fez trabalhos com Arnaldo Baptista e a banda Wonkavision.

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