Mais do que qualquer contrato, a simples palavra bastou para selar o compromisso entre o diretor Lui Farias e Erasmo Carlos para a realização de Minha Fama de Mau.
“Conheço o Erasmo desde garoto, quando meu pai (o cineasta Roberto Farias) realizou a trilogia com Roberto Carlos (formada por Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura, Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa e Roberto Carlos a 300 km por Hora). Erasmo andava sempre por ali, na casa, na vida das gente. Depois que casei com a Paula (Toller, vocalista do Kid Abelha), continuei a encontrá-lo nos backstages. Uma noite, chegamos no hotel no fim de noite, no fim de show, e lá estava ele sozinho. Conversamos, o assunto do livro surgiu, eu disse que gostaria de filmar e ele retrucou – ‘É teu!’.”
Minha Fama de Mau estreia na próxima quinta, 14, em salas de todo o Brasil. Serão 350, pelo menos. Já virou lugar comum dizer que, se há uma coisa que o cinema brasileiro aprendeu, foi a fazer biografias. Em geral, são boas, mas existem as que são melhores. É o caso de Minha Fama de Mau. Lui realizou lá atrás seus retratos de mulheres – Com Licença Eu Vou à Luta, Lili – A Estrela do Crime. São filmes dos anos 1980 e só muito tempo depois, em 2007, ele fez Os Porra Lokinhas. Lui fez agora Os Porra Lokas – Erasmo Carlos e seus amigos. Esse cara esteve a um passo da marginalidade – mauzinho, roubando fios para descolar um troco. Salvou-o a música.
“Fiquei muito emocionado ao descobrir que foi meu pai, ao propor que Erasmo fizesse com Roberto um tema musical para filme, quem reuniu a dupla, numa época em que os amigos estavam brigados. Ao contar agora a história do Erasmo, sinto como se estivesse fazendo um spin off da trilogia.” Trabalhando na confiança, o biografado deu carta branca para o diretor. “Eu queria que o Erasmo desse sua aprovação, mas ele não quis se envolver. Disse que só ia ver com o público, no cinema.” E o Rei? “Roberto tem um cuidado muito grande com a imagem. Ele viu e aprovou.” O filme evoca o começo da dupla, na verdade, do trio. Roberto, Erasmo, Wanderléa. Recria os anos da Jovem Guarda, a amizade. Então era importante ter esse feedback da aprovação.”
Gabriel Leone já havia feito Roberto em Chacrinha, mas era uma cena. Chay Suede fez teste, e foi ele, que canta e toca, quem propôs ao diretor que não dublasse, mas que permitisse a seu elenco cantar. “A Malu (Rodrigues) eu conhecia desde que fez teste para Os Porra-Lokinhas, mas não pude usá-la. Ficou como umas reserva na minha cabeça. Como sabia que cantava, pensei – É agora! Malu chegou cheia de ideias, foi quem propôs o Devolva-me, que canta com Chay (Erasmo) numa das cenas mais emotivas do filme. Eles gravaram as faixas uma semana antes, foi seu primeiro encontro e eu senti que a gente estava no caminho certo. O filme começou a tomar forma.”
Erasmo, porra-loka, fama de mau? “Conhecendo o Erasmo como conheço, ele me confessou que, mais que tudo, a fama, o dinheiro, sempre quis ter uma família. É uma coisa com que posso me identificar, e o público também.” Bianca Comparato interpreta todas as mulheres de Erasmo – Lara, Clara, Samara, Nara. “Foi ideia dela, e confesso que vacilei, com medo de que ficasse caricato. Mas o Erasmo fala com tanta ternura de seu amor por Narinha, a mãe de seus filhos, que eu achei que seria uma forma de homenagem, de fazer com que ela ficasse presente durante todo o filme.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.