A felicidade de Carla Regina está estampada no rosto. E não é preciso nem perguntar nada: a frase “estou muito feliz” é repetida entre um e outro assunto. O motivo, segundo a atriz, é a rotina de trabalho na novela Seus Olhos, do SBT. O fato de ser protagonista nem conta tanto. Afinal, Carla já havia conseguido essa função em trabalhos anteriores na extinta Manchete e na Record. Ela está encantada mesmo é com a equipe do SBT, onde trabalha pela primeira vez. “É muito bom estar cercada de pessoas queridas, que sabem ceder. Isso não se resume à direção e elenco, mas também ao pessoal da técnica, maquiagem, produção… Todos se empenham em fazer o melhor”, derrama-se a atriz, que também já fez diversos trabalhos na Globo.
Além de se sentir bem na nova “casa”, Carla demonstra entusiasmo pela produção em si. Interpretar duas personagens, mesmo em momentos separados, é um ótimo exercício. Tanto que a maior preocupação de Carla é exatamente conseguir diferenciar bem Marina de Renata. Principalmente porque, apesar de serem mãe e filha, têm perfis distintos. Na primeira fase, que está sendo exibida agora, Carla é Marina e, na terceira, quando se passam dois terços da trama, vai viver Renata, a filha de Marina. “A Marina é doce, romântica, enquanto a Renata é guerreira, até pela vida sofrida que leva depois de perder a mãe. Tenho de conseguir deixar essa diferença bem clara”, explica.
Visual
Para isso Carla conta também com uma mudança no visual. Ela vai colocar “mega-hair”, que deixará seus já longos cabelos na altura da cintura, antes de entrar na pele de Renata. “Depois vai ter uma outra mudança, porque em um determinado momento ela deixa a trama e volta mais moderna. Aí devo cortar o cabelo, mas não sei como”, adianta. Quando fala sobre a história em si de Seus Olhos, Carla parece gostar dos rumos da adaptação feita por Ecila Pedroso do texto da cubana Inés Rodena. “Não parece novela mexicana, porque ela está tendo liberdade para criar em relação ao original”, justifica, antes de dizer que isso não fez a menor diferença na hora de fechar contrato. “Não tenho preconceito em fazer novela com texto mexicano”, ressalta.
Carla foi pega de surpresa pelo convite do produtor de elenco Fernando Rancoleta para protagonizar Seus Olhos. Ela tinha acabado de deixar Malhação e imaginava que levaria alguns meses para voltar a fazer tevê. A relação com Fernando Rancoleta é antiga -foi ele também que a levou para protagonizar Marcas da Paixão, na Record, em 2000. Isso fez com que Carla se sentisse à vontade logo de início, no SBT. Conhecer a atriz Bete Mendes, que faz a mãe de Marina, e Juan Alba, o marido da personagem, também ajudou. Nas horas vagas em São Paulo, inclusive, a atriz costuma sair para bater papo com Bete Mendes e Regina Maria Dourado, que estão hospedadas no mesmo flat. Carla vive no Rio de Janeiro, mas adora São Paulo – esticou a permanência na cidade por um bom tempo depois de atuar em Marcas da Paixão. “Adoro o ritmo de trabalho mais intenso de São Paulo. Além de que a cidade tem lojas, restaurantes e vida noturna melhores”, enumera.
A boa fase de Carla não se resume ao fato de estar fazendo um trabalho estimulante em uma cidade que gosta. Ela aguarda a estréia no cinema de seu primeiro longa, São Francisco, um Rio Cheio de Histórias, prevista para este mês. E já sabe que o segundo está por vir. Ainda este ano, Carla vai filmar, ao lado de Thiago Lacerda, Pedaço de Santo, de Marcos Simas. “As filmagens já eram para ter começado, mas houve um problema e adiaram. Para mim foi ótimo porque não poderia fazer por causa da novela”, conclui, sentindo-se de mãos dadas com a sorte.
Experiência no ar
Com beleza e talento reconhecidos, Carla Regina só não consegue grandes papéis na Globo. Logo no início da carreira, em 1997, protagonizou Mandacaru, na extinta Manchete, e, dois anos depois, Marcas da Paixão, na Record. Agora, vivendo as personagens principais da primeira e terceira fases de Seus Olhos, no SBT, volta ao posto.
Trabalho não falta. Depois do primeiro papel fixo em Xica da Silva, na Manchete, onde ficou até a inacabada Brida, em 1999, foi para a Globo na pele da jornalista Ana Paula em Andando nas Nuvens, exibida no mesmo ano. Logo em seguida viveu Alice na minissérie Chiquinha Gonzaga, uma das filhas da personagem-título. No ano passado, emendou mais dois trabalhos na emissora: A Casa das Sete Mulheres, como a prostituta Tina, e Malhação, em que interpretou a professora de História Ana Paula.