Noé, filme do diretor Darren Aronofsky, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (3), é um longa complicado. Não por ter um roteiro intrincado, ou por possuir uma linguagem cinematográfica que o público não está acostumado a assistir, mas sim por contar uma história de uma das passagens mais polêmicas da Bíblia: a do grande dilúvio.

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Antes de mais nada, é importante que o leitor que for assisti-lo deve se livrar de ideias preconcebidas (no caso o público que segue a religião cristã) e mesmo de preconceitos (espectadores de outras religiões e ateus/agnósticos). Trata-se apenas de um trabalho cinematográfico, sem prentesão alguma de impor uma verdade ou uma nova visão sobre o personagem.

A história do descendente de Noé, neste filme, não é um retrato fiel do que fora relatada no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, embora a utilize como base para grande parte da projeção. Ou seja, o mundo, corrompido pelo pecado, será castigado por Deus com uma grande inundação e somente (não sei se dá para dizer que isso é um spoiler, mas enfim, fica o aviso) Noé, seus familiares e os animais da arca é que serão salvos.

Com efeitos especiais interessantes (exceto, talvez, pelos Guardiões, que possuem papel de relevância na trama), principalmente quando Noé conta a história da criação do mundo, segundo o Gênesis, chama a atenção o fato do diretor utilizar cores que, com o passar do tempo vão se tornando cada vez mais cinza e morta, preparando o espectador para o grande dilúvio que está para chegar.

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Na pele do protagonista, o ator Russel Crowe confere uma complexidade interessante ao personagem. Ciente de que o ato irá dizimar milhares de pessoas, inclusive crianças, Crowe demonstra todo o peso da responsabilidade que cai sobre Noé. Contudo, determinado a provar seu valor e lealdade a Deus, o Noé de Crowe não vai hesitar em tomar atos extremos, mesmo que isso o faça ser odiado justamente por aqueles que os amam.

O grande pecado – com o perdão do trocadilho – reside apenas na necessidade de ter um vilão para a história (ponto esse que causou reclamação por parte dos religiosos). O personagem Tubalcaim, que segundo a Bíblia existiu, soa unidimensional e maniqueísta demais, estando ali apenas para servir como o lado “mau” da história.

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O saldo final de Noé é de um trabalho visualmente belo, mas que, invariavelmente, desperterá algumas polêmicas. Se a intenção de Aronofsky foi essa, pode-se dizer então que o trabalho foi bem sucedido.

Veja o trailer