Entre a maldade e o riso

Entre os condes e fadas do mundo mágico de Floribella, uma personagem consegue misturar boas doses de comédia a pitadas de maldade e mau humor. Na pele da malévola Delfina Torres Bettencourt, a atriz Maria Carolina Ribeiro se destaca por ser engraçada e assustadora. E nesta segunda temporada da novelinha infanto-juvenil da Band, no ar desde janeiro, a gaúcha de 27 anos está ainda mais madura e à vontade para tocar o terror na vida da protagonista Flor, interpretada por Juliana Silveira, e arrancar risos de quem assiste. "O que eu mais gosto na Delfina é que ela consegue ser má, mal-humorada e engraçada. Eu gosto dessa junção. É gostoso integrar essas características", destaca a vilã.

Até figurar no elenco de Floribella, Maria Carolina atuava nos palcos de sua cidade natal, Porto Alegre, no rio Grande do Sul. Lá também fez vários curtas-metragens em um curto espaço de tempo. A única experiência televisiva que teve foi a participação em três episódios da série Contos de Inverno, exibidos pela RBS, filiada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O que, segundo a atriz, não foi suficiente para entender a mecânica de uma produção de tevê. "Meus trabalhos exibidos na televisão sempre foram feitos em linguagem de cinema", explica.

Mas foi durante esse período, que surgiu o chamado para fazer um teste para o elenco de Floribella. Na época, Maria Carolina estava em cartaz no teatro, interpretando um misto de cantora e dançarina na temporada de A Ópera do Malandro, montagem de Charles Möeller e Cláudio Botelho para o musical de Chico Buarque. "Antes eu tinha medo da linguagem de televisão. Eu não compreendia a dinâmica. Até porque não tenho hábito de assistir", explica a atriz.

No início dos trabalhos, ainda na primeira temporada, a Delfina acumulava muitas cenas e Maria teve dificuldades para decorar os textos e de estudar as cenas. "Eu não tinha muita noção de como construir um personagem com uma linguagem diária", admite. Depois de oito meses no ar, a inexperiência que chegou a deixar Maria Carolina insegura já não incomoda mais e a "vilãzinha" de Floribella pôde se soltar. Auxiliada por diretores e colegas do elenco, a atriz está se divertindo com o trabalho neste segundo ano da novela. "Eu já tenho a essência da personagem comigo e gosto dessa linguagem televisiva. Está sendo muito prazeroso", comemora.

Mas nada é perfeito. Agora que se fica confortável diante de uma câmara, a moça começa a sentir carência de teatro. Desde que se mudou de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, há quase quatro anos, a atriz não sobe num palco. "Estou sentindo muita falta. É como se o teatro me alimentasse", lamuria-se. Esta é a primeira vez que a síndrome de abstinência dos palcos incomoda Maria Carolina, mas a paixão pelo teatro já havia ficado evidente em outras ocasiões. Como quando ela passou um ano sozinha em Londres para fazer um curso de artes dramáticas ministrado pelo ator francês Philippe Gaulier. Para se manter na caríssima capital inglesa, Maria Carolina assumiu o papel de balconista numa cafeteria. Além do curso, a atriz tinha de estudar muito inglês para poder encarar as leituras de Shakespeare nas aulas. "Foi bacana não só pela escola, mas também por ter de me virar sozinha. Tudo foi muito intenso", valoriza.

O atual cotidiano de Maria Carolina também está  agitadinho. Afinal, trabalho de vilã em novelinha infantil é sempre pesado. Por isso mesmo, as gravações consomem, em média, 10 horas por dia, de segunda a sábado. "Gravo tanto que não tenho tempo para mais nada. Tinha vontade de conciliar teatro e tevê, mas a Delfina não deixa mesmo", protesta, com bom humor.

Veia para a arte

A gaúcha Maria Carolina Ribeiro tem uma boa experiência no cinema. Em especial, na atuação em curtas-metragens. Antes de mudar-se para o Rio de Janeiro, a atriz tirou proveito da intensa e tradicional produção cinematográfica do Rio Grande do Sul e participou de vários curtas. No currículo, Maria tem, por exemplo, Um Estrangeiro em Porto Alegre, de Fabiano de Souza, que conta uma história sobre o escritor e filósofo francês Albert Camus e foi premiado na França. Mas fez vários outros, como Phil, de Cristiano Trein, João, de Flávio Guirland, e Lótus, também de Cristiano Trein, que será lançado ainda este ano. Embora experiente em curtas, Maria ainda não teve a oportunidade de atuar em um longa-metragem. "Eu adoro o tempo e o raciocínio no cinema", destaca.

 Além do perfil para o cinema, Maria Carolina também tem como ponto forte sua veia musical. No teatro, a atriz fez musicais adultos e infantis. Sua maior consagração aconteceu exatamente no último trabalho antes de Floribella, quando a moça estrelou o espetáculo musical A Ópera do Malandro, em 2004. Aclamada por sua performance vocal, ela chegou a gravar um CD do espetáculo, em que canta três faixas: Las Muchachas de Copacabana, Ai Se Eles Me Pegam e Hino da Repressão. "O teatro é a minha base de pesquisa, de relacionamento com o público. Nada se compara ao palco", derrete-se.

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