Encontrosnecessários discute óticas musicais

A música, seu processo criativo, suas fronteiras e linguagens são o tema da edição de novembro do projeto Encontrosnecessários, realizado pelo ACT ? Ateliê de Criação Teatral no próximo sábado (dia 5 de novembro). Participam do debate aberto ao público o pianista Álvaro Siviero e os produtores e músicos Ulisses Galetto (do Grupo Fato) e Rodrigo Barros Homem Del Rey (um dos fundadores do Beijo AA Força). O violonista Mário da Silva será o mediador do debate, cujo formato termina com a participação livre da platéia.

O pianista Álvaro Siviero pretende pautar sua participação falando sobre a linguagem musical e o poder que ela tem – educação da afetividade, criação de referências, capacidade de ganhar maior profundidade estética. Já Ulisses Galetto e Rodrigo Barros vão levar para o debate questões sobre produção musical, mercado independente de música, mídia e também suas áreas de atuação: Galetto junto à MPB e Barros desde o punk até o samba e o rock.

?Tenho, há mais de oito anos em conjunto com a Grace Torres, um programa na Rádio Paraná Educativa dedicado exclusivamente à produção independente?, conta Galetto. ?Nesses anos todos, recebemos mais de 1.300 títulos de quase todos os estados brasileiros. Muitos desses trabalhos são simplesmente geniais, com propostas estéticas inovadoras. Infelizmente, nada ou quase nada se sabe sobre eles?.

O projeto "Encontrosnecessários" já teve 14 edições. Esta será a quinta em 2005, retomando uma agenda de um evento mensal. Os encontros acontecem sempre no primeiro sábado de cada mês. Mantém a característica de partir de um tema inicial para culminar em uma discussão mais ampla, que pode e deve ganhar vida própria.

Estilos Musicais

O debate também vai abordar a questão da delimitação de estilos dentro da música. 

?Não acredito em rótulos, mas há diferenças: cada estilo ocupando um espaço determinado e atingindo um público determinado. A pessoa deve ser aberta a tudo, a todos os tipos de manifestação musical e escolher a que mais lhe interessa. Mas, infelizmente, que dor e que pena quando a escolha feita por alguns está nivelada por baixo, não só na música, mas em tudo: aquele que prefere a cultura de revistas de muita foto e pouco conteúdo (ou conteúdo nulo), aqueles que preferem assistir o filme ao invés de lerem o livro (que sempre enriquece mais e aviva a capacidade criativa e imaginativa…).? – Álvaro Siviero

?Acho que tudo pode ser música, inclusive e paradoxalmente, o silêncio. Essa idéia não é nova. Muito já foi feito e dito sobre música. Infelizmente, boa parte desse pensamento não é incorporado nas produções musicais. Acho que podemos ampliar significativamente nossa noção sobre música e com isso superarmos rótulos distorcidos e preconceituosos existentes. Ao mesmo tempo, penso que nada de importante se faz sem muito trabalho, muito fosfato. Assim, não posso dizer que tudo é música, mas sim que tudo pode ser música.? – Ulisses Galetto 

?Existe música ruim e música boa!? – Rodrigo Barros.

Técnica e/ou criatividade

Oriundos de diferentes histórias e escolas musicais, os participantes do encontro vão discutir também a questão entre técnica e criatividade.

?Sem a capacidade técnica é impossível criar. Veja só, uma apresentação musical, uma execução musical é um tipo de design. Na partitura encontramos notas, durações, indicações sobre posição dos dedos, onde ocorre o "legato" ou o "staccato", a dinâmica, tempo, etc… tudo está lá. Mas isso é um papel com indicações.

O músico é aquela pessoa que descobre o significado da peça dada a ele em forma de partitura, é a pessoa que constrói a sua concepção através de decisões que toma e a realiza pela manipulação física do instrumento. Fica claro, portanto, que o músico que não é criativo não pode fazer música verdadeira e que a técnica musical está em serviço da criação desse design.? – Álvaro Siviero

?Fosfato e energia empregados em qualquer trabalho nunca são demais. Não acredito que a técnica possa prejudicar o que todos chamam de criatividade. Acho isso uma balela. Eventualmente, podemos sofrer com um determinado conhecimento novo, mas no fim, técnica só ajuda, ainda que não dê conta de resolver todos os problemas. Aliás, uma grande limitação de nós músicos está no fato de acreditarmos que o estudo musical é suficiente para nos tornar bons artistas. Filosofia, biologia, história, literatura, psicologia, humor, paixão, tudo enfim, é tão necessário quanto um bom estudo musical formal? – Ulisses Galetto.
 
?Muita técnica musical não adianta nada. Precisa ter criatividade. O estudo demasiado da técnica atrapalha a criatividade, sistematiza o processo criativo.? – Rodrigo Barros.

Debate sem fronteiras

Um debate aberto, onde o percurso vivido é tão ou mais importante do que as conclusões às quais se chega, o projeto terá ainda outros temas em pauta. Isto porque o espírito dos Encontrosnecessários é mesmo o de valorizar a troca de informações entre profissionais de diferentes áreas. Como conclui Ulisses Galetto: ?Então, abaixo as fronteiras. Elas não servem pra nada?.

Serviço
Encontrosnecessários
Tema: Óticas Musicais
Integrantes:
– Álvaro Siviero
– Ulisses Galetto
– Rodrigo Barros Homem Del Rey
Mediação: Mario da Silva, Violonista
05 de novembro às 16h
Entrada Franca

ACT – Ateliê de Criação Teatral
R. Paulo Graeser Sobrinho, 305
Informações: 3338 0450
www.act.art.br

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