A capoeira possui uma riqueza singular. continua após a publicidade |
Começa hoje em Curitiba o 2.º Encontro Nacional de Capoeira Angola. O evento, que acontece na Fundação Almaran (Av. João Gualberto, 81 -antigo Cine Música Bar), vai oferecer ao público curitibano a oportunidade de conhecer de perto essa autêntica manifestação afro-brasileira com exposição, oficinas, debates e muitas rodas de capoeira.
O melhor de tudo é que estão chegando à cidade alguns dos maiores nomes da capoeira angola do Brasil: os mestres baianos Lua de Bobó, Curió e Pelé. As inscrições para uma semana de atividades estão abertas e custam R$ 15.
Mas, afinal de contas, o que é capoeira angola? Segundo o pernambucano Carlos Ferraz – conhecido como professor Carlinhos -, do grupo Capoeira Angola Resistência e Arte, organizador do evento, essa é a forma mais pura da capoeira. Ele conta que a partir da década de 30 o mestre Bimba criou uma dissidência chamada de capoeira regional. Essa forma de capoeira, diferentemente da angola, possui graduações chamadas de ?cordas?, com várias cores. ?Na capoeira angola não existe o ?batismo?. Os títulos de mestre, contramestre e professor são dados por reconhecimento?, explica.
Sobre a forma de vestir, na regional normalmente as pessoas se vestem com roupas brancas especialmente para participar de uma roda. Carlinhos explica que na capoeira angola não existe, necessariamente, uma roupa especial para os praticantes. Cada grupo pode criar a sua própria cor – no caso do grupo de Curitiba as cores são azul e branca. Também não há necessidade de ficar descalço. ?A idéia é que o capoeirista, após participar de uma roda, possa ir para qualquer lugar sem a necessidade de trocar de roupa?, conta.
Existem ainda algumas diferenças de ordem política na capoeira, mas nada que impeça uma integração entre os praticantes. ?Quando chega na hora da roda os cânticos e os instrumentos são os mesmos, e o importante é que cada um possa difundir a sua verdade?, considera o professor. No encontro de Curitiba a intenção é exatamente possibilitar ao público esse conhecimento. ?Como a capoeira angola é muito complexa e tem várias linhagens (escolas) queremos criar uma oportunidade para que as pessoas conheçam um pouco as formas de fazer e o jeito de ensinar, com mestres que já atravessaram décadas com a capoeira.?
Entre os convidados para participar do encontro estão, além do professor Carlinhos, o professor Barata (RN), os contramestres Plínio (SP) e Serginho (SP) e, como atração, os três mestres baianos requisitados internacionalmente: Lua de Bobó, Curió e Pelé. Este último, além de um mestre na capoeira, é um dos autênticos expoentes do samba de roda do recôncavo baiano. ?O mestre Pelé – que tem mais de 70 – anos vai mostrar num show no Alice Bar toda a tradição cultural do samba de viola e do samba de roda?, anuncia Carlinhos.
A sede do encontro será na Fundação Almaran, antigo Cine. Lá vão acontecer, até o dia 26, as oficinas práticas, rodas de capoeira, exposição de fotos, exibição de vídeos e palestras com os professores. A coordenação do evento esclarece que os interessados em participar não precisam ter um conhecimento profundo da capoeira. A idéia é integrar. E para isso, além das atividades na fundação, será realizada no domingo na Feirinha do Largo da Ordem uma grande roda de capoeira aberta ao público. O 2.º Encontro Nacional de Capoeira Angola é apoiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Serviço: 2.º Encontro Nacional de Capoeira Angola. Abertura hoje, às 19h, na Fundação Almaran (Av. João Gualberto, 81, Tel.: 3024-1748). Entrada franca. Inscrições para as oficinas e palestras R$ 15.