Encantadora promessa

Cléo Pires vive um momento de maturidade. Aos 23 anos e em sua segunda novela, a atriz descobriu recentemente estar apaixonada pelo trabalho na tevê. ?Só agora percebi minha paixão pela televisão. Nunca achei que fosse dizer isso!?, surpreende-se. A descoberta, porém, não veio por acaso. Como a Letícia de Cobras & Lagartos é sua segunda personagem, Cléo chegou bem mais tranqüila para as gravações da novela. Com isso, ela viu seu papel na trama das sete da Globo crescer no decorrer dos últimos quatro meses. Nada mal para a carioca de belas pernas e sorriso sedutor, que tinha acabado de estrear na tevê como a Lurdinha em América  – novela de Glória Perez exibida em 2005 na Globo -, quando recebeu o convite do diretor Wolf Maya para integrar o elenco da trama assinada por João Emanuel Carneiro. ?É um trabalho que aprendi, gostei muito, mas não sabia como era. Agora posso dizer: eu me amarro em televisão?, afirma, entusiasmada.

Alguns fatores contribuíram. Primeiro, o perfil de sua personagem. Amante de esportes radicais e apaixonada por motociclismo, Letícia é dona de um aguçado ?faro? de detetive. Filha de Otaviano e Celina, personagens vividos por Herson Capri e Ângela Vieira, a garota se empenha desde o início da história em desmascarar as mentiras do meio-irmão Estevão e de sua cúmplice e amante, Leona, interpretados por Henri Castelli e Carolina Diekmann. ?A Letícia é uma personagem que faz o tipo ?heroína?, que luta pelas pessoas que ama?, define. Suas atitudes revoltadas, porém, não lhe davam credibilidade junto à mãe e à melhor amiga, Bel, mocinha da novela vivida por Mariana Ximenes. Só a partir da metade da história quando os ?podres? de Estevão, Otaviano e Leona começaram a ficar mais evidentes é que a bela ganhou voz ativa.

 Com um figurino básico e despojado no início da trama, a personagem de Cléo tinha ?potencial? até para fazer um contraponto à temática consumista da novela. Mas o perfil ?heróico? da moça se sobressaiu. ?A questão da Letícia está ligada à moral e a seguir o caminho do bem?, explica a atriz.

 A valentia da personagem lhe rendeu uma personalidade mais complexa e um bocado de problemas. Enquanto lutava por justiça, a personagem de Cléo descobriu que o amor de sua vida, Luciano, vivido por Carmo Dalla Vecchia, na verdade é seu irmão. E não bastasse essa decepção, a moça descobriu também que seu pai é um cafajeste, que seu meio-irmão Estevão quer matá-la e que seu amado está ?caindo de amores? por sua mãe. ?Embora seu jeito de lidar com essas coisas não transmita tanto drama, a Letíca tem várias cenas tristes. Ela chorou e sofreu em diversos momentos?, reforça.

 Além de estar curtindo a vida da personagem, a atriz também está em ?lua-de-mel? com a história de João Emanuel Carneiro e com os companheiros de cena – um elenco bastante jovem em relação às outras produções da emissora. Com uma rotina de gravações pesada, Cléo está nos estúdios quase diariamente, mas garante que tem curtido os bastidores da novela. Para ela, é cedo para avaliações. Cléo diz querer apenas trabalhar, sem fazer muitos planos. ?Ainda estou em minha segunda novela! A Letícia é completamente diferente da Lurdinha, mas não tive nenhum trabalho de pesquisa. Só mudou a personagem?, minimiza, bem-humorada.

Incertezas da idade

Nos últimos dois anos, Cléo Pires viu o estrelato chegar com força em sua vida. Filha da veterana Glória Pires, sua primeira aparição foi no cinema. Mesmo sem experiência, a atriz aceitou o convite da diretora Monique Gardenberg para protagonizar o filme Benjamim,  adaptado do livro de Chico Buarque. Logo depois vieram os primeiros convites para trabalhar na tevê. Mas a atriz não tinha certeza se queria seguir a profissão. ?Espero as coisas acontecerem e vejo se gosto. Nunca fiz teatro e também não tenho muito interesse em fazer. Vou deixar a vida correr?, declara.

 Antes de estrear em América, por exemplo, a atriz estava morando em Los Angeles, nos Estados Unidos, e planejava estudar Arquitetura. O convite de Jayme Monjardim para viver a Lurdinha na trama de Glória Perez, no entanto, fez Cléo mudar de idéia. Imediatamente, ela cancelou os estudos e retornou ao Brasil. Sincera, Cléo não tem qualquer receio em afirmar que não pretende aprofundar seus estudos em artes cênicas e que também não sabe ainda que caminhos irá trilhar. ?Gosto de Arquitetura. Mas se decidir voltar, terei de parar com tudo um bom tempo. Então, se minha vida for por esse caminho, ótimo. Se não for, ótimo também?, conclui.

Filha de Glória Pires inicia terceira geração de artistas

Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
A arte no sangue : Cléo convive com artistas desde que nasceu.

Cléo Pires Ayrosa Galvão ou simplesmente Cléo Pires nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de outubro de 1982. Veio de uma família de artistas. É a filha mais velha do cantor Fábio Júnior e Glória Pires; esta, filha do comediante Antônio Carlos. Seu padrasto, Orlando Moraes, é cantor e compositor.

* Em 2004, Cléo Pires recebeu um convite do autor Benedito Ruy Barbosa para interpretar a Zuca no ?remake? de Cabocla. Mas a atriz recusou o convite porque não sentiu-se preparada para protagonizar uma trama; e porque a personagem tinha sido interpretada por sua mãe, Glória Pires, na novela original exibida na Globo em 1979 e ela não queria enfrentar  comparações.

* A atuação de Cléo no longa Benjamim, inspirado no livro homônimo de Chico Buarque, rendeu a ela o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema do Rio em 2003.

* Cléo Pires interpretou, aos 11 anos, a personagem de sua mãe quando mais nova na minissérie Memorial de Maria Moura. ?Na verdade fiz de zoação. Eu era criança. Na época, queria brincar com os meus amigos, me divertir e ir para as festinhas?, recorda.

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