Empreendedora e com faro para boas oportunidades, Gladys Dantas conheceu as regras rígidas dos presídios enquanto visitou o marido em um centro de detenção em São Paulo durante cinco anos. Nesse tempo, ouviu muitas reclamações sobre a qualidade dos uniformes e sentiu na pele as restrições do vestuário de quem visita os detentos. Isso a inspirou a lançar, há um mês, a marca Liberta, criada em parceria com uma amiga que é proprietária de uma confecção no bairro paulistano do Brás.

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Na coleção, há versões com modelagens modernas de peças como a calça cáqui de moletom, usada como uniforme na maioria dos presídios da cidade. Para as mulheres e parentes dos detentos, ela oferece uma variedade de roupas sem zíper, cordões ou botões de ferro, itens que são proibidos nas visitas.

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Gladys mantém há três anos um site que comercializa itens levados pelos parentes para a prisão (produtos de higiene pessoal e cigarro, por exemplo) e montou uma barraca na estação Barra Funda do metrô para vender as peças da Liberta. É de lá que saem vans fretadas para levar os familiares dos presos às penitenciárias do interior. Uma vendedora também vai até a porta dos presídios em dias de visita. “A ideia deu certo. Zeramos o estoque em pouco tempo”, conta Gladys, que ainda trabalha como contadora e faz faculdade de direito.

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Como foi a ideia do site? Você foi pioneira no segmento?

Sim. Tive a ideia porque era uma dificuldade minha. As famílias perdem um dia inteiro indo atrás dos produtos que podem entrar na prisão. Não havia nenhuma empresa que oferecesse o serviço completo e eu montei o “Jumbo Online”. Lá, as pessoas me perguntavam se eu não vendia roupas para os detentos. Hoje você pode comprar peças que são enviadas junto com outros itens direto para a penitenciária.

E como surgiu a Liberta?

As mulheres são muito vaidosas e não gostam de visitar o marido com aquelas roupas largas. Ouvia muitas reclamações e passei por isso também. Então, além de produzir roupas para presos, pensei em fazer para as mulheres que vão visitá-los. Obedecemos todas as regras, mas pensamos em cortes mais ajustados e femininos.

Qual é o preço médio das peças?

Elas custam mais ou menos R$ 50. Mas quero chegar a valores mais acessíveis, para todo mundo poder comprar. Não quero só ganhar dinheiro com a Liberta, quero facilitar a vida das pessoas. Não dobro o meu custo de produção para obter lucro.

E o que você deseja para o futuro da marca?

Nesta primeira coleção fiz coisas mais básicas. Mas nas próximas quero colocar mais elementos de moda. Vamos continuar dentro das imposições, mas quero inovar.