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‘Emília era o exemplo que não tive coragem de seguir’

Qual é a sua primeira lembrança de um livro do Lobato?

Caçadas de Pedrinho. Depois fui lendo aleatoriamente, tudo. Meu pai lia Lobato e me introduziu. Virei um leitor compulsivo e isso me ajudou muito em tudo o mais que eu fiz na vida. E Lobato me empurrou para diversos assuntos que depois que eu lia eu mergulhava mais fundo para aprender mais.

Seu personagem preferido?

Lógico que é a Emília. Pela molecagem e irreverência. Para um garoto, isso é um prato cheio. Você quer imitar.

Imitou?

Não porque era tímido. Emília era o exemplo que não tive coragem de seguir.

A edição não tocou em questões que poderiam ser polêmicas.

Decidimos que o melhor seria fazer um texto limpo das dúvidas que podiam ser levantadas.

Tirando essas questões ou não contextualizando pode parecer que elas não existiam.

Mas aí entramos numa armadilha. Se coloca o livro como era, você, de algum modo, ressuscita o ambiente e assuntos que já morreram talvez por conta das conquistas sociais. A sociedade já não aceita muita coisa há muito tempo. E a gente escolhe: vou trazer de novo coisas que a gente sabe que a sociedade se negou a trazer para cá? Não, vamos acompanhar a evolução dos hábitos. Às vezes é demorado. No caso do racismo, está demorando muito para acertarmos alguns pontos. Cada vez que fazemos um trabalho como esse, quando damos uma transformada, uma cortada e deixamos para o esquecimento algum tipo de postura, estamos colaborando para melhorarmos um pouquinho a situação social.

Reler o livro agora causou algum estranhamento que não causou lá atrás?

Para uma família que já sofreu problemas, acho que pode haver um estranhamento e até uma revolta, e eles têm razão de não desejar reler. No meu caso, como não vivi isso, eu passo batido porque eu não entendo, não sinto isso. Eu não sofri as consequências.

As turmas da Mônica e do Sítio já tinham se encontrado, mas agora é diferente: são personagens como os personagens de Lobato.

Já que havia a oportunidade, achei que nós podíamos fazer os personagens se travestir de personagens de Lobato. Ficaria mais forte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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