A Procuradora de Proteção e Defesa do Meio Ambiente do Paraná determinou o embargo de restauração da Estação União, a única do País situada sobre trilhos de trem que dividem duas cidades de dois Estados, no caso o Paraná e Santa Catarina. A liminar deferida pelo promotor Saint-Claire Honorato Santos foi atendida ontem mesmo.
O telhado da estação construída em 1905 estava sendo reposto na tarde de ontem e a reposição foi determinada para evitar que chuvas danificassem a edificação. Do lado de Santa Catarina, a estação abriga a Fundação Cultural de Porto União. E do lado paranaense estava sendo restaurada há menos de duas semanas. Nesse curto período, todo o telhado e todo o piso, constituído de lajotas coloniais, já estavam abaixo. E o piso vinha sendo substituído por granito, enquanto a porta era trocada por uma de blindex.
As duas cidades estão localizadas numa histórica região, a do Contestado. Porto União preserva a memória, realizando o tombamento das cinco estações e até de viadutos da chamada Ferrovia do Contestado. No Paraná, trilhos e dormentes já foram arrancados. Mas o novo impasse entre os dois Estados deu-se ao fato do governo de Santa Catarina não ter sido avisado oficialmente de que a estação, que vem a ser uma unidade arquitetônica a servir os dois Estados, sofreria reformas do lado paranaense.
Fátima Althoff, diretora do Patrimônio da Fundação Catarinense, solicitou o embargo, argumentando que “qualquer ação isolada de um ou de outro Estado no caso será temerária para manutenção da unidade e preservação de um monumento reconhecido e protegido pelos dois Estados”. Ari Passos, supervisor cultural da Prefeitura de Porto União, não entende a ação do Paraná: “Por que tanta pressa na restauração? E não nos consultaram para um projeto único por precipitação ou prepotência?” (A arquiteta Eleni Gomes Costa assina o projeto e a Albatroz é a empresa contratada pelo Paraná Cidade para a sua execução).
Monica Rischbieter, secretária da Cultura do Paraná, até recordou ontem que seu pai (o ex-ministro Karlos Rischbieter) é catarinense, para dizer que não houve prepotência. O projeto foi aprovado por sua diretora de Patrimônio, a arquiteta Maria Luiza Marques Dias, que ainda ontem reunia argumentos para a defesa que deve ser apresentada ao Poder Judiciário.
“Vamos derrubar a liminar”, diz a secretária da Cultura. Já o arquiteto José La Pastina, presidente regional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sugere calma: “Até por questões éticas, a reforma da Estação União deve ser feita em comum acordo”. De qualquer forma, o Poder Judiciário embargou a obra até que sejam revistos os critérios utilizados no projeto de reforma.
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