É dura a vida de princesa. Pelo menos a da princesa Kemi, interpretada por Ildi Silva em Os ricos também choram. Na trama do SBT, a bela mulata de olhos verdes é a filha de um rei africano que precisa trabalhar como empregada doméstica para sobreviver. Sempre pronta para enfrentar o mundo, a princesinha é meiga, mas precisa ser forte. "É um personagem multifacetado, que permite vários níveis de interpretação. Ela é doce, mas é rude, enfrenta qualquer pessoa e vai atrás do que acredita", define a atriz.
Para viver a Kemi em Os ricos também choram, novela filmada em São Paulo, Ildi Silva teve que encarar o esquema ponte aérea, para se dividir entre o apartamento recém-montado no Rio e as gravações. Nada que assuste uma soteropolitana que, aos 16 anos, deixou a capital baiana para tentar a vida como modelo em São Paulo. Mas os desfiles de moda e os clicks publicitários, garante a atriz, eram apenas um trampolim. "Eu mandei umas fotos para uma agência de modelos paulistana e surgiu uma oportunidade, que na verdade foi uma abertura para eu começar uma carreira de atriz", conta.
Depois dos primeiros trabalhos como modelo em São Paulo, Ildi Silva foi à luta para chegar onde queria. Estudou na escola de atores de Wolf Maia, fez testes para a Oficina de Atores da Globo, até que foi vista por Roberto Talma e convidada para fazer testes para a novela Agora é que são elas, em 2003. Era a oportunidade que Ildi esperava, tanto para ter uma maior projeção na mídia quanto para contracenar com atrizes como Joana Fomm, que na trama foi a mãe de sua personagem, a tímida Rosemary. "Era um personagem muito diferente. Ela era recatada, introvertida, sempre acatava a mãe. O tom era diferente, era tudo para dentro. A Kemi enfrenta a patroa", compara.
A paixão até bem pouco tempo platônica pelo cinema pôde, recentemente, ser consumada na carreira de Ildi Silva. No ano passado, a atriz teve a chance de trabalhar em dois filmes, ambos com previsão de lançamento para 2006: o drama documental Folia Brasil, de Carolina Paiva; e a comédia Gatão de Meia-Idade, com direção de Carlos Alberto Fontoura. "Também são dois personagens muito diferentes. No primeiro eu faço a filha intempestiva de um coronel. No outro, eu sou a empregada meio ‘abusada’ do Gatão", diverte-se.
Dividindo-se entre as gravações em São Paulo e as eventuais "escapulidas" para o Rio, Ildi Silva quase não tem encontrado tempo para outras atividades. Nem mesmo para os trabalhos como modelo que, afinal de contas, foram o passaporte para a promissora carreira de atriz e representam algo que a bela baiana descendente de holandeses admite gostar. "Minha prioridade agora está na carreira de atriz, até porque toma todo o meu tempo. Eu prefiro atuar, mas quando sobra um tempo, eu faço alguns trabalhos como modelo", resume.
Como acontece com muitos atores que chegam à telinha graças à beleza e aos trabalhos de modelo, também Ildi Silva é questionada sobre a importância desse aspecto na ascensão profissional. Mesmo relativizando a influência da estética em seu trabalho, ela admite que, por via das dúvidas, é melhor ser bonita. "Às vezes até atrapalha, porque alguns personagens não precisam ser bonitos. Mas de uma forma geral, em qualquer trabalho, não apenas na carreira de atriz, acho que ser bonito ajuda, sim", rende-se.
