Em novo CD, Caymmi homenageia Tom Jobim

Mais de 40 anos depois da gravação de um dos discos fundamentais da música brasileira, Caymmi visita Jobim, de 1964, as duas famílias voltaram a se encontrar em estúdio. Mas, ao contrário do que se especulava e do que talvez fosse mesmo a idéia inicial, ou seja, um disco que revivesse o encontro, o CD, sem data certa de lançamento, mas que deve sair ainda neste segundo semestre, homenageia apenas o maestro Tom Jobim.

Rio (AG) – Isso porque, quando a idéia surgiu, Nana já tinha um outro roteiro traçado em sua cabeça. Passados dez anos da morte do amigo, ela descobriu que já se sentia confortável para cantar suas músicas. E, mais que ninguém, a não ser ela e os irmãos Dori e Danilo, além de Paulo Jobim, filho de Tom, e Daniel, neto, poderiam destrinchar acordes, tons e melodias com a autoridade que a obra de um dos mais importantes músicos do mundo merece. A idéia de Nana acabou prevalecendo no disco, que conta também com uma letra inédita de Vinicius de Moraes para Bonita, encontrada por Paulo no acervo de Tom.

?A Nana já tinha gravado o disco dela sobre papai pela Universal (O mar e o tempo, de 2002). Depois gravamos juntos com Danilo o disco sobre os sambas dele. Quando ela argumentou que queria gravar apenas o Tom e expôs os motivos, todos concordamos?, conta Dori.

?Eu não tinha motivos para desgastar tanto a obra de meu pai. Tenho ainda o projeto de gravar mais dois discos: um sobre seus sambas-canções e outro sobre os temas folclóricos?, brinca Nana.

A cantora, que estreou no disco de 1964, também vê outros motivos para gravar Jobim.

?Esperamos esse tempo todo para que uma homenagem não tivesse um aspecto mórbido, incompatível com ele?, diz. ?Por mim seria um disco que abordasse mais as parcerias dele com Aloysio de Oliveira e com Newton Mendonça. Do tempo em que ele ia para a casa do meu pai no Posto Seis e ficava tocando no piano as músicas que só mais tarde ganhariam letras. Mas tudo foi negociado?, lembra Nana.

Mesmo assim, dando uma conferida no extenso repertório, dá para ver que o desejo da cantora teve peso maior. Tanto que dez das 16 músicas do disco, produzido por Zé Milton, são do final dos anos 50s e início dos 60s. Se existem algumas canções obrigatórias – ou óbvias – como Desafinado, Corcovado, Eu sei que vou te amar e Samba do avião, por outro lado o trabalho promete boas e novas versões de canções menos badaladas de Jobim como Esquecendo você, Outra vez, Foi a noite e As praias desertas. 

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