Alessandra Maestrini ocupa apenas nesta terça, 29, o palco do Teatro Porto Seguro para apresentar o show Drama’n Jazz, título de seu primeiro CD, lançado em 2012. O nome traduz com precisão o talento de uma artista versátil: Alessandra vai apresentar clássicos do jazz, como I Feel Good (I Got You), de James Brown, e The Man I Love, de George Gershwin e Ira Gershwin; também uma adorável canção do musical Funny Lady, How Lucky Can You Get, com letra adaptada para o português; e ainda uma música da ópera Sansão e Dalila, Mon Coeur S’Ouvre a Ta Voix, com um original arranjo em bossa-nova, sugestão de Nelson Motta, seu consultor de repertório.
“Como se tratava do primeiro disco, eu não queria eleger apenas um estilo musical para não ficar rotulada”, comenta Alessandra, artista impossível de ficar marcada somente por uma forma de expressão – apesar de mais lembrada pelo grande público pelo papel da divertida Bozena no seriado Toma Lá Dá Cá, de Miguel Falabella e exibido pela Globo, ela constrói uma carreira que inclui participação em importantes musicais, começando em 1997, quando atuou em As Malvadas, de Charles Möeller e Claudio Botelho. Depois, vieram Ó Abre Alas (1999), Rent (1999), Les Misérables (2002), Ópera do Malandro (2003), 7 – O Musical (2007) e New York, New York (2011).
Alessandra também é versionista, ou seja, cuida da tradução de músicas conhecidas, e ainda é compositora. Essas duas últimas funções, aliás, são responsáveis por momentos marcantes do espetáculo de hoje – Alessandra é autora da canção Onde (ao lado de Ana Carolina) e cuidou da versão em inglês de Eu Te Amo, de Chico Buarque e Tom Jobim. O resultado agradou o compositor. “Chico me disse que recebe muitos pedidos para transpor suas canções para outras línguas, pedidos normalmente negados”, explica. “Mas o meu trabalho o deixou tão empolgado a ponto de ele exagerar e dizer que ficou até melhor que o original.”
Drama’n Jazz já foi apresentado antes, no formato concerto, com um cenário e a cantora acompanhada de orquestra. Desta vez, por ser uma única apresentação, ela terá ao seu lado apenas um pianista, o maestro João Carlos Coutinho, e uma cadeira. “Tenho o palco inteiro para ocupar”, diverte-se Alessandra, que exibe justamente esse espírito em cena, ou seja, a brincadeira se alterna com momentos mais dramáticos, sem que nenhum tenha um peso definitivo. “Como somos apenas eu e o João Carlos, há a possibilidade de fazermos o que quisermos em cena”, diz ela, que atua como uma autêntica one woman show.
Assim, Gringo Cardia é responsável pela direção de arte, enquanto o comando geral fica mesmo nas mãos (e na voz) de Alessandra Maestrini. “Para isso, utilizo muito as técnicas de expressão corporal que adquiri ao longo dos anos e que sempre me foi útil nos musicais.”
Há três anos em cartaz com esse espetáculo, a atriz e cantora conseguiu, ao longo do tempo, aperfeiçoar pequenas pérolas, como unir a ópera com o gospel, algo que empolgou Nelson Motta, seu principal incentivador nesse experimento. “Quando começamos, ele decretou: ou vai ser um sucesso, ou um tremendo fracasso”, lembra Alessandra, que exibe um incrível domínio de palco.
Tamanha facilidade, no entanto, só encobre uma preparação cuidadosa, algo que já rendeu novos frutos, como o espetáculo Yentl em Concerto, que volta em cartaz no dia 16 de maio, no mesmo Teatro Porto Seguro. Lá, ela apresentou o mesmo show no final do ano passado, alcançando um grande sucesso. Como a programação do ano já estava definida, sem espaço para prorrogar a temporada, Alessandra acertou sua agenda com os programadores do teatro, que abriram uma exceção: apesar de habitualmente fechado às segundas-feiras, o Porto Seguro vai abrir suas portas também nesse dia para receber o belo trabalho da atriz.
Humor
Como o próprio título indica, trata-se de uma homenagem ao filme Yentl, interpretado e dirigido por Barbra Streisand. A trama mostra o drama de uma jovem judia que, disposta a alcançar uma educação à altura de seu talento, é obrigada a se travestir de homem para ser aceita em uma instituição de ensino reservada a rapazes.
“Apesar de o filme ser dramático, meu espetáculo traz muito humor pois essa é a visão que tenho de Yentl: quando assisti, não conseguia parar de rir”, conta ela, que teve a ideia de construir o show a partir de um momento prosaico – antes do início de cada apresentação de Drama’n Jazz, ela se habituou a cantar músicas que não estavam no programa, um simples exercício para aquecer a voz e preparar sua emoção para entrar no palco.
Aos poucos, Alessandra percebeu que recorria constantemente às canções eternizadas por Barbra Streisand e, à medida em que emendava uma música na outra, percebeu que preparava informalmente um novo espetáculo. Empolgada, pensou em montar a versão musical do filme, mas o alto custo dos direitos autorais rapidamente a fez mudar de ideia e aposentar a ideia.
Até que, ao receber um convite do Centro da Cultura Judaica para apresentar algum projeto, Alessandra apresentou sua versão de Yentl, que se tornou uma variação entre stand up e concerto, combinação que alcançou incrível sucesso, igualando-se a Drama’n Jazz, que atraiu a atenção de produtores americanos. Assim, ela foi convidada para se apresentar em Nova York, em agosto. Inicialmente, Alessandra pretende repetir o repertório, mas já estuda acrescentar novas canções. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.