Em dose dupla

Os fãs da teledramaturgia vão ter de se esforçar para não confundir as histórias nos próximos meses. Além de Da Cor do Pecado, que a Globo estréia esta semana, em torno dos gêmeos Paco e Apolo, e Olhos d?Água, da Band, sobre as gêmeas Luísa e Leonor, o SBT também terá sua trama sobre personagens idênticas e troca de identidade. É A Outra, “versão brasileira” da trama mexicana La Otra, escrita por Lilian Abud e exibida pela Televisa em 2002. Apesar da atual superexposição da temática, a escritora Ecila Pedroso, responsável pela adaptação das novelas no SBT, acredita que personagens duplas ainda têm muito o que render. “É interessante ter a mesma atriz vivendo tanto a protagonista quanto a antagonista. Isso cria mil possibilidades aos olhos do público”, opina Ecila.

Em A Outra, Carolina e Clarisse não são gêmeas, mas sósias. Fato que, na visão de Ecila, aumenta ainda mais as possibilidades da trama. “Como não são irmãs, elas têm dois núcleos diferentes”, justifica a escritora. O destino das duas sósias vai se cruzar depois que a mãe-megera de Carolina a impede de casar com o mocinho, Álvaro. Por uma armação da “quase sogra” o galã acredita que Carolina morreu. Então, ele conhece Clarisse e se casa com ela, encantado com a semelhança física com seu antigo amor. No decorrer da história, no entanto, Clarisse desaparece e Carolina toma seu lugar, no que enxerga como única saída para voltar a viver ao lado de Álvaro. “A novela é extremamente passional. As pessoas são maniqueístas e levadas aos extremos”, define Ecila, para quem o público do SBT gosta de “dramalhões”.

A expectativa da emissora com a trama, no entanto, vai bem além da aposta no “dramalhão”. O diretor-geral de Teledramaturgia do SBT, David Grinberg, justifica a escolha de La Otra com base na boa repercussão da novela na televisão mexicana, onde garantiu à Televisa o primeiro lugar de audiência, com índices em torno dos 27 pontos. “É uma novela de recente sucesso, com trama atual e grande produção em elenco, tramas, cenários e locações”, enumera David. O fato de ser uma novela recente facilita, na opinião de Ecila, a adaptação para o público brasileiro. “O ritmo é mais ágil, sem cenas intermináveis e com um bom número de externas”, avalia.

Antes de escolher La Otra, a emissora chegou a pensar em produzir um “remake” de Os Ricos Também Choram, escrita em 1975. Mas a necessidade de “modernizar” a trama foi um dos motivos que levaram ao adiamento do projeto. “A novela não foi descartada, apenas adiada, até porque a Televisa teve problemas com os originais”, explica David. Pelo cronograma de produção do SBT, A Outra deve começar a ser gravada ainda em fevereiro, já que a estréia está prevista para março. Os testes para a definição do elenco começaram na semana passada, nos estúdios da emissora, e a escolha das locações já está em andamento. Segundo Ecila, serão cinco cidades, todas elas no interior de São Paulo, mas com nomes fictícios na trama. “Teremos a oportunidade de mostrar cenários bem brasileiros”, valoriza a escritora.

No que depender de Ecila, aliás, A Outra deve ser, entre as adaptações produzidas pelo SBT, a mais próxima da realidade e da cultura brasileiras. A autora já está trabalhando na adaptação dos personagens, com a liberdade de fazer modificações que os deixem com uma “cara” mais nacional.

Um deles, por exemplo, era um bruxo na história original, mas vai virar um descendente de índio na versão da emissora. “Vamos tentar contar um pouco da história da tribo de onde ele vem, que ainda está sendo escolhida”, conta Ecila. A história de Benigno prevê ainda a abordagem dos conflitos de adaptação do personagem à cidade e do relacionamento com o filho, que ele espera que dê continuidade a seu trabalho com a cultura e as tradições indígenas. “É um passo muito positivo conseguirmos incluir a nossa cultura nas histórias adaptadas. Vamos nos aproximar cada vez mais de nosso público”, comemora a escritora.

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