Em defesa do cinema digital

O criador da saga de Anakin e Luke Skywalker faz absoluta questão de acompanhar cada passo do seu universo de mentirinha. “Vida pessoal? Que vida pessoal? Aqueles dez minutos por dia?”, costuma dizer. Nenhum milímetro da película escapou à vigilância de Lucas.

Com um orçamento de US$ 120 milhões – e uma arrecadação mundial que já ultrapassou os US$ 460 milhões – Ataque dos Clones foi a primeira grande produção a usar tecnologia 100% digital. O recurso implicou em uma série de adaptações, para “acostumar” o espectador. Todos os tons de pele, por exemplo, foram tratados para dar mais naturalidade. Os efeitos especiais e os cenários criados em computador – boa parte do filme é virtual – também consumiram um trabalho gigantesco (cerca de 1,5 milhão de horas de trabalho de 500 pessoas, durante um ano e meio).

A equipe também abusou dos dublês virtuais, como em algumas cenas de Christopher Lee, que aos 80 anos tem de manejar um sabre de luz. Lucas acredita firmemente que o vídeo digital é o futuro do cinema. A ponto de conseguir da Sony e da Panavision uma câmera adequada às suas necessidades. “A película é uma tecnologia do século XIX, e não tem para onde progredir. Já o vídeo digital está em seus primeiros passos, mais ou menos como o filme estava nos idos de 1901. Pior do que isso nunca vai ser, e ainda vai melhorar muito”, diz.

A maioria dos diretores não concorda, consideram que a tecnologia digital deixa os filmes artificiais. Eles também reclamam das limitações desse meio cores e texturas esquisitas, por exemplo obrigam a uma trabalheira extra, com resultados nem sempre felizes. Mestres como Martin Scorsese e Steven Spielberg não pretendem abandonar a película, mas George Lucas empunha a bandeira digital sem medo. Hoje há pouco mais que uma dezena de salas nos Estados Unidos (e algumas no Brasil, no Rio e em São Paulo) equipadas para exibir Ataque dos Clones digitalmente, como o diretor quer. Mas o produtor do cineasta, Rick McCallum, jura que vai pressionar sem descanso para que, em 2005, Episódio III seja visto dessa forma em pelo menos 5.000 salas. O diretor, ao que parece, não vai sossegar enquanto não mudar tudo no cinema.

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