Em busca de velhos caminhos

A atriz Zezé Motta costuma ter uma visão politizada da profissão. E por isso não pestanejou antes de aceitar o convite para atuar em Floribella, da Band. Na trama, ela interpreta a extrovertida cabeleireira Titina, tia de consideração da protagonista Flor, vivida por Juliana Silveira. "Estar em um projeto que abre portas para a classe artística e gera mais uma opção para os telespectadores me encanta", derrete-se. A disposição de Zezé em arriscar-se em emissoras que tentam se firmar em teledramaturgia é antiga. E não ficou esmorecido mesmo depois da desagradável experiência na malograda Metamorphoses, da Record, na qual viveu a anestesista Prazeres.

Mas Floribella traz uma novidade para Zezé: trabalhar numa trama infanto-juvenil. E se entusiasmou tanto com um tom farsesco da novela e de sua personagem que já cometeu pequenos exageros. Por causa do estilo extravagante de Titina, Zezé tem de usar esmaltes de cores nada convencionais, como laranja, amarelo e azul. Nas primeiras semanas de gravação, além de pintar as unhas das mãos, a atriz fez questão de pintar também as dos pés. Mas Zezé não conseguiu se acostumar com os tons "berrantes?? nos pés e começou a se privar de usar sandálias. "Gosto de ir fundo nas personagens, mas percebi que isso era um delírio meu. Afinal, meus pés quase não aparecem na novela", constata, às gargalhadas.

P – O que mais chama a sua atenção na Titina?

R O fato dela ser extrovertida e muito alegre. Há alguns anos, só tenho feito personagens sofridas, mal-amadas, solteironas… Não que eu não goste de fazer esse tipo de papel, mas a Titina chegou na hora certa. Eu estava com saudades de fazer uma personagem mais divertida e com esse tom de humor. Mas confesso que quando li a sinopse fiquei um pouco insegura, pois não sabia se iria dar conta de uma mulher tão de bem com a vida.

P – Você tem mais de 30 anos de carreira e é uma das veteranas do elenco de Floribella. Como é trabalhar com atores jovens?

P – Estou adorando. Justamente por o elenco ser jovem não há aquele estrelismo característico de muitos atores, do qual eu nunca gostei. É muito confortável trabalhar com esse clima leve, onde ninguém se sente melhor do que o outro. Não existe briga de egos, o que infelizmente é muito comum nesta profissão. Os jovens me passam uma energia bacana e me tratam com muito carinho e respeito. Eles vivem jogando tapete vermelho para mim. Às vezes, tenho de falar: "menos, menos".

P – A novela Xica da Silva está sendo reprisada no SBT. Como foi para você interpretar Xica no cinema e anos depois viver a mãe da personagem na tevê?

R – A minha relação com isso é curiosa. Eu estava em Cabo Verde filmando um longa quando o Walter Avancini me ligou e perguntou: "Você aceita fazer a mãe da Xica da Silva???. Eu levei um susto enorme. "Como assim fazer a mãe da Xica???. Eu morria de ciúmes dessa personagem. Eu era a Xica e fim de papo. Mas em seguida fiz as contas e percebi que já tinham se passado 23 anos e que eu realmente poderia fazer a mãe dela. Depois comecei a lidar melhor com a idéia. Que bom que eu estava viva, com saúde e com prestígio. Além do mais, acho que poucas atrizes tiveram essa experiência de fazer uma personagem e depois a mãe dela.

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