Jorge Cravo, “um baiano fanático por cantores de jazz e da música popular brasileira”, relata seus achados em O caçador das bolachas perdidas – As incríveis incursões de um brasileiro pelo front da música popular e do futebol nos anos 40 e 50 (Editora Record, 255 páginas).
O jornalista Ruy Castro no prefácio conta que Jorge Cravo, ou Cravinho, vendeu sua coleção de elepês e compactos com o advento dos CDs. Arrependido, vem tentando recuperar suas bolachas, o que motivou o título do livro. Fanático apaixonado pela música americana, Cravinho vencia seu medo de avião para acompanhar os shows de seus ídolos. Numa dessas passagens foi ao Harlem com Lúcio Costa para ouvir Charlie Parker.
Escrito de maneira suave, o livro é uma enciclopédia que se lê com muito prazer. De futebol, tem as histórias de Cravinho como tradutor de Garrincha na Suécia. Mas é de música que se ocupa o caçador de bolachas.
“Não é fácil relatar a experiência trágica e bela de ver e ouvir Billie Holliday a poucos metros de você”, conta Cravinho. Entre seus outros personagens estão Nat King Cole, Doris Day, Bing Crosby, Frank Sinatra, Sarah Vaughan, Louis Armstrong, Duke Ellington e muito mais gente. Algumas sem unanimidade de paixão, como é o caso de Johnnie Ray, para quem Cravinho presta uma homenagem especial. E destaca, ao lado do jazz, outro gênero musical de sua predileção, o bolero. E foi com essa paixão que em 1948 viajou para conhecer o cubano Vicentico Valdés e, de quebra, acabou assistindo um inesquecível show da rumbeira Maria Antonieta Pons.