Em balada, peça ‘Fortes Batidas’ faz retrato atual dos jovens

“Assim caminha a humanidade”, cantava Lulu Santos na música que marcou as primeiras temporadas da novela adolescente “Malhação”, nos anos 1990. É este caminhar que o diretor Pedro Granato parece querer mostrar em “Fortes Batidas”, peça que estreia nesta sexta-feira, 10, no Centro Cultural São Paulo e se assemelha a uma adaptação para teatro do folhetim.

“O teatro para jovens é um buraco negro que ninguém ocupa”, afirma o diretor, separando o gênero do teatro infantil. O espetáculo mostra os dramas dos adolescentes e jovens adultos de hoje que, tirando algumas mudanças, permanecem os mesmos de antigamente.

Usando linguagem de teatro imersivo – como é visto, guardadas as proporções, nos trabalhos do Teatro da Vertigem -, a montagem se passa em uma balada na qual o público é formado pelos próprios espectadores, sem a necessidade de interação direta. A situação é vivenciada desde a fila, na qual parte dos personagens é apresentada, até a saída, quando todos já estão cansados e alterados.

Com 33 anos, Granato é o mais velho da equipe, que foi montada após um processo de seleção que incluiu 135 profissionais – entre atores, diretores, dramaturgos e técnicos. Foi o elenco final, composto por 15 atores de 18 a 25 anos, que construiu, com o diretor, os personagens e a dramaturgia do espetáculo. Nas dinâmicas, o encenador percebeu, por exemplo, que a geração que tem 20 e poucos anos hoje está mais aberta e tem menos tabus do que as anteriores.

Relacionamentos e sexualidade estão no cerne do texto. “Bato de frente na homofobia porque é um ponto de virada”, analisa o diretor. “Tudo o que está avançando há muito tempo corre risco porque há uma força contrária muito agressiva”, diz, citando políticos conservadores que se destacaram recentemente por difundir ideias e atitudes homofóbicas.

Em “Fortes Batidas”, há dois personagens em processo de descoberta da sexualidade e que, durante a balada, são confrontados com as novas possibilidades. A estabilidade e a fidelidade de casais também são questionadas. “É uma balada um pouco como eu gostaria que fosse. É um ambiente mais tolerante.”

Há, no entanto, personagens que fazem um contraponto. Dois playboys infernizam a noite das mulheres, provocando-as a qualquer custo e causando brigas. Uma agressão com lâmpada também aparece, fazendo alusão a caso que ocorreu na Avenida Paulista, em 2010.

Granato vê um cansaço do público comum em ir ao teatro convencional. “As pessoas não querem mais ver teatro sentadas na cadeira. Boa parte do público das peças é da classe teatral”, diz, indicando que o teatro deve ultrapassar seu gueto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FORTES BATIDAS

CCSP. Espaço Adoniran Barbosa. Rua Vergueiro, 1.000, metrô Vergueiro, tel. (011) 3397-4002. 6ª e sáb., 21h; dom., 20h. Grátis. Até 26/4.

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