Em ascensão com os pés no chão

Miriam Freeland não pertence à turma de nenhum diretor. Talvez por isso, demorou quase 10 anos para ganhar um lugar de destaque no elenco de uma novela das oito. Aos 23 anos, a atriz carioca garante que interpretar a professora Beatriz em “Esperança”, após uma trajetória de altos e baixos na carreira, é mais do que recompensador. “É melhor que estrear em uma novela das oito. Já tenho maturidade para saber a minha responsabilidade e não me deslumbrar”, pondera com franqueza.

Com seis novelas no currículo, Miriam afirma que fazer uma produção em horário nobre pode deslumbrar qualquer um. “O mundo sorri para você. Tem colegas que acham que isso é eterno e não é. Por isso, curto o momento”, ressalta a atriz, que prefere uma nota elogiando sua interpretação a uma capa de revista exaltando apenas a beleza. “O importante é o que produzo como atriz. Não sou top model”, reflete.

A maturidade de Miriam pode ser explicada pelo fato de desde cedo frequentar o meio artístico. Aos quatro anos, começou a estudar balé clássico. Aos nove, colocou na cabeça que queria ser atriz. Ao ver a peça de uma prima na Escola Tablado, no Rio, insistiu com o pai que queria estudar teatro. E no Tablado. O pai a levou para falar pessoalmente com a professora e Miriam ganhou a vaga com 11 anos. Após 3 anos, fez sua primeira peça profissional, de autoria de Maria Clara Machado, que contava a história do Paço Imperial. “Era uma colombina. Foi uma das primeiras peças infantis itinerantes”, relembra.

História da carioca

Com um pouco de dificuldade para segurar o sotaque carioca na pele da personagem de época, Miriam chegou a estudar um livro de História do ensino médio e devorou “A História da Mulher no Brasil”, de Mary del Priore. Terminando o curso de História da Arte na UERJ, no Rio de Janeiro, a atriz acabou utilizando como laboratório o estágio de 60 horas em salas de aulas para a faculdade. “Mas a novela não vai desenvolver muito este tema, já que a escola fica na fazenda, onde gravamos pouco”, conta. Na verdade, Miriam não quer ficar rotulada como a atriz de carinha bonita que se encaixa em papéis de época. Isto porque o primeiro trabalho de destaque foi como a Candoca em “O Cravo e A Rosa”, que passava também nos anos 30.

A personagem também transitava por “um universo correto”, assim como a moderna Beatriz de “Esperança”. Tanto que após encerrar “O Cravo e A Rosa”, como não houve renovação com a Globo, Miriam decidiu participar da montagem de “Engraçadinha”, de Nelson Rodrigues. “Meu primeiro Nelson”, vibra. Viveu a fogosa Cilene, filha da protagonista, e depois substituiu Carolina Kasting no papel de Engraçadinha. Mas logo teve de se adequar ao estilo romântico de Beatriz e ser condescendente com o pedido para cortar o cabelo que deixava crescer. Por isso, a atriz não esconde que, após “Esperança”, gostaria de ser chamada para uma novela moderna. “A tevê estabelece o ator de acordo com o que a cara dele vende. É até cômodo, mas não quero isso”, afirma.

Nudez

Em “Esperança” é a primeira vez que Miriam faz cenas de sexo também. Para seu alívio, não precisou ficar nua até agora. Ela e o ator Emílio Orciollo Netto apenas rolaram no mato e fizeram outras duas cenas que sugeriam a prática sexual. “Rolou a esfregação inevitável. Mas nada demais”, ameniza a atriz. Miriam conta que ficou menos nervosa porque conversou com o parceiro de cena para uma pré-marcação de movimentos. Mas que ela sabe que é normal na hora do “gravando” nem tudo sair como combinado. Por isso, acha que as cenas de nu são as mais delicadas para as atrizes. “É onde fica-se mais exposta. Mas se tiver de fazer, vou fazer”, fala com segurança. Miriam jura que as cenas de sexo de sua personagem já estavam escritas e que não tem nada a ver com o autor querer conseguir Ibope a qualquer custo. Para a atriz, o romance entre Beatriz e Marcello já era previsto e as cenas de sexo ainda não são uma isca para aumentar o Ibope de “Esperança”. “Mas sei que agora pode-se usar este artifício para a audiência subir”, reconhece a atriz.

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