Vinte e dois anos após espantarem o mundo com seu realismo em Jurassic Park, os dinossauros estão de volta, numa era em que as criaturas digitais são a lei no cinema. Jurassic World, que dá sequência à série inaugurada por Steven Spielberg em 1993 e integrada ainda por O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997) e Jurassic Park 3 (2001), dirigido Joe Johnston, é a sensação da temporada nas bilheterias. O filme superou todas as expectativas ao se tornar a maior bilheteria num fim de semana de estreia da história nos Estados Unidos, com US$ 208,8 milhões (R$ 655 milhões) – a previsão era de US$ 125 milhões. Em sua terceira semana de lançamento, continuou no topo da arrecadação entre as plateias americanas e já faturou US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 3,7 bilhões) no mundo inteiro.

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O longa retorna com novos personagens. A figura central é Claire (Bryce Dallas Howard), que comanda o parque dos dinossauros, aberto há dez anos. Como o número de visitantes não está no nível desejado, a solução é uma nova atração, um animal híbrido chamado Indominus rex. Claire mantém uma relação tensa com o treinador dos velociraptors, Owen (Chris Pratt), um ex-militar fundamental na hora do desastre.

A retomada da franquia se dá pelas mãos do quase desconhecido Colin Trevorrow, que fez um curta, um filme para TV, um documentário e um longa-metragem, a comédia dramática Sem Segurança Nenhuma (2012). Foi o próprio Steven Spielberg que escolheu Trevorrow. “Com certeza não teve a ver com a minha experiência, mas com minha visão da narrativa. Gosto de entreter, mas também dizer alguma coisa.” Algumas ideias vieram do próprio Spielberg, como ter o parque aberto e o treinador de velociraptors – que eram os grandes terrores do primeiro filme. “Nós, seres humanos, sempre repetimos nossos erros. Especialmente se houver dinheiro envolvido”, disse Trevorrow. A existência do Indominus rex, um risco certo por ser um animal criado em cativeiro, sem mãe, fora da cadeia alimentar natural, em si representa a busca pelo lucro a qualquer custo. “São temas que refletem nosso mundo e para mim justificavam um filme de dinossauros.”

Trevorrow se mostrou incomodado com as críticas de machismo, por Claire ser rígida e focada na carreira e na empresa, enquanto Owen, seu interesse romântico, é o cara simpático – Joss Wheedon, diretor de Vingadores: Era de Ultron, chegou a criticar no Twitter depois de assistir ao trailer. “A personagem segue a cartilha das grandes corporações e está exclusivamente focada no lucro. Ao longo da história, ela descobre sua humanidade. Se fosse um homem, isso não seria questionado”, diz Trevorrow. “Fiz um blockbuster com uma protagonista feminina, para mim é importante discutir essas percepções.” Por exemplo, explicar por que ela corre de saltos o tempo todo.

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“Havia uma questão logística: ela sempre trabalha de saltos e aí teria de correr descalça pela floresta. Mas também acho que não é preciso renunciar à feminilidade da personagem para ela ser uma heroína.” Claire tem o maior arco dramático, apesar de Owen, com sua experiência, salvar o dia a maior parte das vezes. “Para mim, é uma história de redenção de Claire, que se desconectou de sua própria humanidade na busca do lucro a qualquer custo”, diz Bryce Dallas Howard.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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