De jaqueta com seu próprio rosto estampado, Elton John chegou ao estilo que gosta, fazendo barulho. Saturday Night foi só a primeira de uma sequência comovente e eletrizante, altamente pop, que incluiria Tiny Dancer, Philadelfia Freedon, Rocket Man e Yer Song, com a promessa de Skiline Pigeon no final. Os telões simulavam neve e o público vibrava a cada gesto do cantor inglês. Um show que em nada perdeu a sua antecessora, Katy Perry.
Enfeitada como uma Alice no País das Maravilhas versão banana split, Katy deu início à programação estrangeira do Rock in Rio ontem, às 22h15, diante de 100 mil pessoas, com uma canção que resume boa parte do espírito do primeiro dia do festival. Teenage Dream, ou sonho adolescente, é a faixa-título de seu novo disco, um devaneio pop cor de rosa e adocicado que disfarça a sensualidade explícita de suas letras com um verniz infantil.
Poderia ser o subtítulo desta primeira etapa, que viu a Cidade do Rock ser invadida por milhares de adolescentes, muitos deles jovens demais para entrarem sozinhos, portanto, presentes com os pais em órbita. Será que os adultos percebem o que realmente se passa num show de Katy Parry? Que as nuvens de algodão doce são apenas o cenário onde se projetam os desejos nascentes da garotada? Que o sorvete e o pirulito são, na verdade, apenas metáforas? Que a canção Peacock, de sonoridade ainda mais explícita para o ouvido brasileiro, não quer dizer apenas “eu quero ver o seu pavão”?
O óbvio, sim, é um atestado do sucesso de Katy Perry, cujo último disco é o único, desde Bad, de Michael Jackson, a emplacar cinco hits no topo da Billboard. O show da cantora californiana teve mais de meia hora de atraso e cobriu o repertório do novo disco, com Hot n’ Cold, Peacock, Firework, Last Friday Night e o single, California Girls, em que Katy faz parceria com o rapper Snoop Dog.
I Kissed a Girl, o excelente hit em que Perry descreve um beijo homossexual, teve uma breve introdução jazzística. Perry brincou com sua voz e conversou com a plateia, coisa que sabe fazer bem, pois não é uma performer magnética, daquelas que cativam uma multidão apenas com uma guinada de quadril. No meio da introdução, Katy chamou ao palco um jovem sem camisa, o seduziu e o dispensou, sugerindo, com a letra da música, que prefere as gatinhas.
“A gente não quer só democracia, a gente quer também o fim da corrupção nesse País”, discursou o cantor Paulo Miklos, dos Titãs, para os presentes na abertura do Rock in Rio 2011, no início da noite de ontem. Discursos de tom político e sociais se misturaram a fogos de artifício e banners e bancos infláveis de publicidade de marcas comerciais, distribuídos entre o público.
A noite abriu com os veteranos Titãs e Paralamas, que dividiram o palco principal com Orquestra Sinfônica Brasileira e Milton Nascimento. Titãs e Paralamas seguraram a onda com sucessos de cerca de 30 anos de carreira: Alagados, Polícia, Sonífera Ilha, Epitáfio, Óculos, Meu Erro. “Eu queria pedir uma salva de palmas dos técnicos desse palco, que estão conseguindo um som tão bom em País de terceiro mundo como o nosso.”