Elenco faz falsa despedida em peça de Elisa Ohtake

Em seu último trabalho, ‘Tira Meu Fôlego’, Elisa Ohtake provocou nomes fortes da dança – como Cristian Duarte, Eduardo Fukushima e Sheila Ribeiro – para criar uma obra tendo, na dança, a emoção em potência máxima. Agora, aplica a receita ao teatro, com a performance Let’s Just Kiss and Say Goodbye, em cartaz no Sesc Santana.

Para a nova empreitada, a diretora convocou um elenco que, apesar de relativamente jovem, tem história no teatro paulistano: Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarães, Luciana Schwinden e Rodrigo Bolzan. O desafio proposto por Elisa foi de que cada ator imaginasse o fim do teatro: Let’s Just Kiss… é a última montagem que eles vão apresentar. O que faz um ator quando sobe ao palco pela vez derradeira?

O resultado é uma performance que, como tem sido a linguagem de Elisa, mistura gêneros artísticos. Muito tem de teatro, é claro, mas há momentos em que a dança está extremamente presente. Há, também, uma preocupação plástica, visual: elementos como purpurina, lantejoulas e papel picado ajudam a dar cor, movimento e intensidade às ações.

No início, os atores estão sentados em um sofá, curtindo o luto da arte cênica em um desânimo contagioso que chega a dar preguiça até na plateia. É desse clima que emerge, logo depois, um ambiente explosivo, de atuação frenética, em um visível contraste em relação às cenas iniciais.

“Estou pesquisando a vitalidade de maneira radical, junto àquilo que não é vitalidade: a dor, a morte, o risco”, afirma Elisa, justificando a escolha do elenco com profissionais que, em sua visão, têm uma vitalidade à flor da pele.

Um a um, os atores começam a rememorar peças que montaram durante a carreira – às vezes até quando ainda eram estudantes. Executam a cena da maneira que fizeram na época e, em seguida, refazem, com a experiência de hoje. Em outros momentos, interpretam trabalhos que sempre quiseram executar. Até a diretora entra em cena, fazendo uma menção à sua mãe, também atriz e diretora, Célia Helena (1936-1997). Assim surgem experimentações de textos que vão de Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, até Cacilda!!!!!, de Zé Celso, passando por uma boa dose de Shakespeare, com Rei Lear, Hamlet e Macbeth. “Os atores interpretam a si mesmos. A realidade acaba se misturando com a ficção, não tem muito como distingui-las”, diz Elisa. “Mas a inquietação deles está presente. Se eles decidem fazer determinada ação é porque isso realmente move cada um deles, existe uma verdade, uma autenticidade acontecendo.”

Se a performance tem intensidade, o processo para montá-la não foi diferente: os ensaios foram concentrados em um mês e meio, com oito horas diárias de trabalho. Para que isso fosse possível, foi necessário uma dramaturgia bem estruturada, que Elisa levou mais de um ano para concluir.

LET’S JUST KISS AND SAY GOODBYE

Sesc Santana. Av. Luiz Dumont Villares, 579, 2971-8700. 6ª e sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 8/R$ 40. Até 14/12.

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