Edson Flosi é do tempo em que ser romântico e sonhador eram adjetivos que costumavam grudar na pele dos bons jornalistas. “Mas hoje vivemos o jornalismo empresarial, pragmático e bitolado. Nada a ver com o que eu fazia. Estávamos mais próximos da literatura e, portanto, da grande reportagem”, diz Flosi, autor do recém-lançado “Por Trás da Notícia”.No livro, Flosi apresenta 15 reportagens, escritas para veículos como o ‘Jornal da Tarde’ e Folha de S. Paulo. Além dos textos, ele conta os bastidores de cada matéria e ainda traz dicas para estudantes ou interessados por jornalismo.

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Não à toa, suas principais referências estão no campo do New Journalism, com Truman Capote, Gay Talese e Hunter Thompson. A maior parte de sua carreira aconteceu no jornalismo policial. “Uma área difícil, mas que pode te dar mais oportunidade para escrever boas histórias e se aprofundar em casos interessantes, quase como um investigador.”

O texto de Flosi não pega apenas profissionais ou aqueles interessados em jornalismo. Ou você acha que seria possível desgrudar de uma reportagem que começa assim: “Os dois são iguais. Nasceram pobres e viveram miseravelmente. Um tem a idade do outro: 16 anos. Cada um matou um homem. Os dois cresceram sem pai, sem escola, sem nada. Eles não são irmãos. São apenas iguais”. É o primeiro parágrafo de “Conversando com os Meninos Assassinos”, reportagem publicada no ‘JT’ em 19 de outubro de 1976.

Flosi é um otimista. Embora tenha testemunhado o fim do jornalismo romântico, acredita que a nova geração pode (e deve) pressionar para a volta de um texto mais trabalhado. “Acho que a internet pode assumir esse papel de transmitir as notícias mais factuais. Jornais e revistas, no futuro, estarão pensando mais nas grandes reportagens”, diz. No dia 13 de março, às 19h, será realizada noite de autógrafo na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

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