O novo romance do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, Um amor anarquista, será lançado pela editora Record. A obra estará à venda nas livrarias a partir do dia 19 de agosto. Usando como cenário a Colônia Cecília, em Palmeira, Miguel Sanches mescla fatos históricos e imaginários para construir uma narrativa que ilumina um dos acontecimentos mais interessantes da história do Brasil. A partir de uma extensa e trabalhosa pesquisa que consumiu dez anos, o escritor mostra como os idealistas podem, ainda que vencidos, ampliar nossa percepção da realidade e, também, do amor.

continua após a publicidade

Um grupo de italianos testa, na prática social, os princípios do anarquismo, formando uma família em que a mulher vive com mais de um homem. Os filhos pertenceriam à colônia, a uma idéia, a uma causa.

No centro deste novo modelo social, o idealista italiano Giovanni Rossi, autor de panfletos políticos. Como verdadeiro cientista, ele é também cobaia de sua experiência, vivendo um caso de amor em que três homens compartilham publicamente a mesma mulher. Adele, uma mulher apaixonada por um ideal e que será a primeira a aderir ao novo modelo. Mas também a primeira a sentir a força do amor. Um amor capaz de modificar o comportamento de um homem, de provocar grandes renúncias, de sustentar um sonho e, ainda assim, durar para sempre. 

Além das desventuras na construção do utópico projeto – o sonho de viver numa sociedade anarquista em que padrões de estrutura familiar e religiosa seriam banidos é interrompido por dois grandes obstáculos: o egoísmo e o amor -, a colônia cresce de forma descontrolada e o grupo precisa vencer muitas privações para garantir um nível de vida digno. Isso sem obrigar ninguém a trabalhar. 

continua após a publicidade

O incentivo governamental aos imigrantes ajudava na implantação da colônia, mas os problemas foram se acumulando. O mais grave de todos é a falta de mulheres dispostas a experimentar o amor livre, única forma de destruir o poder do pai de família, desmontando assim a sociedade patriarcal. Mas, se por um lado os sentimentos abalam o processo de transformação social, por outro provocam mudanças individuais nos personagens.

O autor

Miguel Sanches Neto nasceu em Bela Vista do Paraíso, interior do Paraná, em 1965. Aos 4 anos de idade, perde o pai e passa a viver em outra cidade pequena do mesmo estado: Peabiru. Pertencendo a uma família de agricultores, acabou fazendo colégio agrícola e se dedicando à agricultura. Depois de abandonar esta atividade, fez o curso de Letras e seguiu a carreira do magistério superior. Doutor em Teoria Literária pela Unicamp (1998), é professor de Literatura Brasileira na Universidade Estadual de Ponta Grossa, colunista da Gazeta do Povo (Curitiba) e colaborador regular da revista Carta Capital (São Paulo). É autor, entre outros, dos volumes de crítica: Biblioteca Trevisan (Curitiba: Editora da UFPR, 1996) e Entre dois tempos (São Leopoldo: Unissinos, 1999); de poesia: Inscrições a giz (Florianópolis: FCC, 1991 – Prêmio Nacional Luis Delfino) e Abandono (Edição fora do mercado, 2003); e de ficção: o romance Chove sobre minha infância (Rio de Janeiro: Record, 2000) – traduzido para o espanhol (Llueve sobre mi infância. Barcelona: Poliedro, 2004), a coletânea de contos Hóspede secreto (Rio de Janeiro: Record, 2003 – Prêmio Nacional Cruz e Sousa de 2002) e as memórias de Herdando uma biblioteca (2004).

continua após a publicidade