Escrito em 1641, apenas três anos antes da morte de seu autor, o espanhol Luis Vélez de Guevara O Diabo Coxo o 41.º número da coleção Grandes obras do pensamento universal, é um texto cômico à primeira vista. Parece uma grande sátira contra a sociedade da época – na verdade pode até ser, mas é antes de tudo uma crítica irônica e mordaz contra os costumes falsos e hipócritas, que não admitem aberturas e cerceiam novas experiências.
Na época em que foi escrito, a pirâmide social tinha uma amplíssima base de pobres e deserdados, alijados de qualquer possibilidade de aspirar a uma ascensão ao topo.
Guevara, entre suas obras, tem uma frase capital sobre a diferença entre ricos e pobres: ?A hora perfeita de comer é, para o rico, quando tem vontade, e para o pobre, quando tem do quê? e vê isso como desalento e elabora um belo conto, invocando um diabo coxo e faceiro que se dispõe a mostrar todas as mazelas da sociedade a um amigo estudante.
O diabo coxo, que a Editora Escala lança esta semana em todo o Brasil, foi muito pouco publicado em português e não há registros de edições recentes dessa obra. A tradução do original é de Liliana Raquel Chwat. O próximo lançamento, também a R$ 4,90 , é Humano, demasiado humano, de Nietzsche.