Em comunicado à imprensa, a Editora Landmark divulgou ontem o seu ângulo a respeito da apreensão do livro Paulicéia Desvairada, determinada por liminar concedida terça-feira pelo juiz Jurandir de Abreu Jr., da 5.ª Vara Cível de São Paulo, em atenção às pesquisadoras Telê Acona Lopez e Tatiana Maria Longo dos Santos.
Autoras de textos incorporados à edição, as duas alegam que “a quase totalidade da obra está recheada de incorreções e faltas, que corrompem, de forma grotesca, a grande obra de Mário de Andrade, e comprometem (…) a honra e a reputação profissional das autoras”.
A editora, por sua vez, considera ter sido enganada pelos herdeiros dos direitos autorais do livro – que teriam negociado anteriormente com a Editoras da USP e UFMG e com a Imprensa Oficial. Quanto às pesquisadoras, a Landmark contesta a declaracão de que elas seriam “organizadoras” da edição. “Tal afirmação é inverídica”, diz a nota. “As referidas pesquisadoras foram contratadas para fornecerem textos explicativos, comentários e análises da obra Paulicéia Desvairada, e em momento algum (…) como organizadoras da mesma. Os mesmos textos foram vistos e revistos por várias ocasiões, como comprova a troca de correspondências eletrônicas, entre esta Editora e as mesmas”.
“Fidelidade”
A Landmark diz ainda que o texto que Telê e Tatiana afirmam ter corrompido “de forma grotesca” a obra de Mário de Andrade, “foi extraído da edição de Poesias Completas, editado pela Villa Rica Editoras Reunidas em 1993, e fornecido (…) como sendo o texto fiel e fidedigno de Paulicéia Desvairada. À página 8, linha 34 da referida obra, no texto intitulado Em Boa Hora, Telê Ancona Lopez declara: “Estava na hora um texto limpo, fidedigno…'”. E questiona: “Qual não foi nossa surpresa, quando a mesma pessoa que se coloca como a maior autoridade sobre Mário de Andrade contesta na justiça o mesmo texto que, dez anos antes, atestara como sendo “fiel e fidedigno?”.
Os representantes da editora informam que “a obra encontra-se, por decisão judicial, sob guarda e responsabilidade desta Editora”, para concluir: “As providências judiciais cabíveis estão sendo tomadas, contra os representantes e herdeiros de Mário de Andrade e contra as pesquisadoras mencionadas, no sentido de se repararem os graves prejuízos materiais e morais advindos de tal situação”.
