Talvez seja bom esclarecer, de saída, para que o espectador não se impaciente em “Roubo nas Alturas”. O melhor do novo longa de Brett Ratner está reservado lá para o meio. É quando entra em cena o personagem interpretado por Eddie Murphy. Nos últimos anos, o tira da pesada levou o que pode se definir como uma carreira errática. Após o sucesso inicial, Murphy perdeu o rumo encarnando galãs ou contracenando com animais, quando não com ele mesmo, escondido por trás de inúmeras máscaras (na série “O Professor Aloprado”).
“Roubo nas Alturas” não é exatamente uma novidade, como comédia de ação. Como em qualquer um dos episódios de outra série – “Onze Homens e Um Segredo”, o remake de Steven Soderbergh -, o plot é uma história de vingança. Milionário sem escrúpulos, que habita uma torre inspirada na Trump Tower, em Nova York, rouba os funcionários do local. O grupo heterogêneo é liderado por Ben Stiller e inclui Matthew Broderick. Resolvem se vingar, dentro do princípio que diz que quem rouba ladrão tem perdão. O problema é que Alan Alda, o milionário, se beneficia da extraordinária segurança que o prédio oferece. Os lesados não se intimidam e resolvem seguir em frente com seu plano, mas necessitam de um ‘especialista’.
Como são ladrões amadores, recorrem a um profissional – interpretado por Eddie Murphy, que está saindo da cadeia. Ele entra em cena com seu charme mais cafajeste, encarnando, de novo e à perfeição, o tipo do malandro trambiqueiro que lhe cai como uma luva. O diretor Brett Ratner teve tempo de se exercitar na comédia de ação com a série “A Hora do Rush”, estrelada por Jackie Chan, com o reforço de Chris Tucker. Lá eram policiais, aqui são os funcionários honestos que precisam se improvisar em criminosos para reaver o que é deles.
É verdade que, em matéria de ação na torre, “Missão Impossível – Protocolo Fantasma”, que estreia amanhã, é imbatível, mas há uma certa Ferrari pendurada nas alturas e… Eddie Murphy. Ele é muito engraçado e, conforme vem declarando em sucessivas entrevistas, encontrou em Brett Ratner um diretor que deu carta branca ao elenco para improvisar, e depois tratou de aproveitar o melhor dessa improvisação. “Roubo nas Alturas” não é nenhuma maravilha, mas vai ser difícil não rir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.