Warren Ellis – o multi-instrumentista e compositor parceiro de Nick Cave há 25 anos – falou com o jornal “O Estado de S. Paulo” alguns dias antes de chegar ao Brasil.

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Todo álbum do Bad Seeds tem sua própria atmosfera, embora eles, claro, sejam da mesma banda. Você tem essa sensação?

Sempre há uma tentativa, nas músicas e nas letras, de não se repetir. Mas elas vêm da mesma fonte. Elas se extraem do mesmo lugar, mas você quer que as coisas se movam de jeitos distintos em cada disco. O pior é quando soa como o anterior. Somos uma banda que não quer que esse seja o caso. O AC/DC faz os seus discos e é fabuloso porque as pessoas gostam disso neles. Nós somos uma banda que prefere tentar se mover com ideias e mudanças. Acho que isso faz parte das pessoas que somos. Então há uma atmosfera diferente. A formação da banda também mudou, o que traz coisas diferentes. Mas o fio principal é Nick, ele é quem está ali desde o começo. Não há uma resposta simples para essa pergunta.

Como vocês montam o show a partir dessa ideia. Porque há algumas mudanças no clima.

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O momento do show é muito diferente, ele está diferente do que já foi. O show está incrivelmente extático, muito inspirador. É meio transcendental, algo acontece entre a audiência e a música que estamos tocando. Isso nunca aconteceu assim conosco antes. É um tipo de mudança realmente extraordinária. Há algo muito envolvente, o público é uma parte grande do show agora. Isso não era o caso no passado. Quer dizer, você estava consciente da audiência ali, mas agora há uma transação acontecendo. Uma troca de energia, que está conosco desde que começamos a turnê do Skeleton Tree.

E o que aconteceu?

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Vem de uma empatia incrível do público. Dadas as circunstâncias do que aconteceu com Nick e sua família, foi um tempo muito emocional. Não sei. Mudanças aconteceram. Os shows subiram para outro nível. Os Bad Seeds sempre foram sobre “o que está funcionando agora”. Não é uma banda que se apoia nos louros do passado. É uma coisa que está se movendo continuamente. O fabuloso do que está acontecendo é que as pessoas querem as coisas novas tanto quanto Tupelo, Red Right Hand, o material antigo. As pessoas querem ouvir Jubilee Street, Distant Sky e… é muito encorajador para nós que as pessoas não estão esperando pelas canções antigas. É um sentimento maravilhoso para um artista

Sim. Eu acho que Push The…

(interrompendo) A coisa realmente fabulosa no público do Bad Seeds é que eles realmente querem embarcar com a gente. Eles querem vir junto aonde estamos indo. Eles estão realmente interessados, mais do que nunca, em ver aonde a banda está indo, para onde está se movendo, e onde Nick está indo, nas letras… Ele é uma das poucas pessoas escrevendo letras e músicas há mais de 40 anos.

É bastante tempo.

Ele é um dos grandes, cara. Um dos grandes.

Legal. Como isso funciona no palco? É dito que os Stones no palco seguem Keith; os Bad Seeds seguem você ou seguem o Nick?

Não, a banda é a banda, cada um segue o outro. Nick é claro o cantor, ele pode orquestrar as coisas de onde ele está. Ele pode fazer sinais, e a banda está tocando junta há algum tempo que simplesmente descobre o que fazer. É uma coisa mútua. Nick e a banda estão sempre trabalhando juntos. Provavelmente Martyn é o cara que seguimos, o baixista. Ele é o cara que arranja. Dependendo da música, o sentimento é mútuo entre a banda. Os Bad Seeds sempre foram uma banda interessante, porque é muito a soma de suas partes. Ela vai ganhando momentum conforme a batida, e uma vez que começa a se mover, ninguém para. Estar no palco com os Bad Seeds é uma experiência extraordinária. Todos tocamos muitos shows antes, mas esses têm sido simplesmente fora da curva. Eu não falo normalmente sobre coisas como essa, mas simplesmente foi para um novo nível. Melhor emprego que eu já tive, cara.

Push The Sky Away começa um novo ciclo, talvez mais pessoal, nas letras e na música. Skeleton Tree é também tão poderoso quanto. Você acha que há mais para ser dito nesse sentido?

Eu sei que há mais.

Você pode dizer se vocês estão trabalhando em novas canções?

Sim, estamos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.