E do cão fez-se o drama

Montar uma peça a partir da relação do homem com o cão foi o caminho que o ACT – Ateliê de Criação Teatral escolheu para a sua estréia em Curitiba. Cãocoisa e a Coisa Homem entra em cartaz amanhã, com direção do carioca Aderbal Freire-Filho, que também assina o texto – concebido nos ensaios e impressões do elenco sobre o tema. Paulo Leminski, que estaria fazendo aniversário amanhã, é homenageado em uma das cenas.

“Nunca fomos pelo caminho mais fácil”, conta Luis Melo, que dirige o ACT com a atriz Nena Inoue, que estão também no elenco com Regina Bastos, Janja, Silvia Contursi, Renata Hardy, Gabriel Gorosito, Andrei Moscheto, André Coelho e Patrícia Ramos. “Poderíamos simplesmente ter adaptado quatro contos, mas preferimos seguir por terrenos inexplorados”.

O cão entrou na história de uma maneira quase “sobrenatural”: um cachorro ajudava Luis Melo nos “diálogos” durante os ensaios para o espetáculo Nijinski (1999); na mesma época, ele foi convidado para o lançamento do livro A Caverna, de José Saramago, e incumbido de ler dois capítulos da obra – justamente os que falavam sobre o cão Achado, personagem do romance.

“Pesquisamos em todas as fontes – literatura, cinema, fotografia, artes plásticas, jornais, vídeos -, e nos preparamos vocal e corporalmente. Tínhamos que percorrer todas as possibilidades até a chegada do diretor, que “costuraria’ esse material bruto”, lembra Melo. Aderbal Freire-Filho chegou em maio: “Meu primeiro sentimento era de estar absolutamente perdido”, relembra. Ele passou a oferecer idéias para avolumar e entrelaçar as propostas: “Fui juntando o material, vendo como articulá-lo, arriscando. Nunca sabia como construir a cena seguinte, mas, uma vez construída, ela ia desenhando as anteriores”.

Em seguida, construiu a narrativa em sete capítulos com títulos inspirados na Mitologia. Luis Melo explica: “São referências e pontos de identificação. Todos temos um pouco dessa dimensão heróica, mitológica. Mesmo as pessoas mais simples em algum momento da vida deparam com situações-limite, que as reveste dessa aura mitológica”. O cenário de Fernando Marés é minimalista, serve apenas de suporte para a ação. “É uma cenografia sugerida, não explícita, que trabalha com a sensação da platéia”.

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Em cartaz de hoje até 29 de setembro no ACT (Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305, São Francisco). De quinta a sábado às 21h e aos domingos às 19h. Ingressos a 15 e 7 reais.

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