Foto: Arquivo/O Estado |
Mário Zan foi enterrado em frente ao túmulo da Marquesa de Santos. |
Um dos principais autores da música caipira do Brasil, Mário Giovanni Zandomeneghi, ou simplesmente Mario Zan, como era chamado, faleceu aos 86 anos de idade no início da noite de ontem, no Hospital dos Sorocabanos, em São Paulo. Acordeonista e compositor, o Rei da Sanfona ainda estava na ativa e participara de eventos durante as festas juninas deste ano. Diversas músicas das festas de junho e julho são obras criadas por Zan. O corpo do artista foi sepultado no Cemitério da Consolação, cumprindo um de seus últimos desejos: ser enterrado em frente ao túmulo da Marquesa de Santos.
Mário Zan residia no centro da cidade de São Paulo e diariamente se reunia com músicos que freqüentam a região. Há 15 dias foi internado com problemas pulmonares e ao receber alta sentiu no estômago os efeitos colaterais das medicações. Voltou domingo para o hospital e na segunda-feira foi levado para a UTI. Segundo a família, teve cinco paradas cardíacas, antes de ser constatada sua morte, às 20h30 de anteontem.
Autor do Hino do Quarto Centenário, Zan foi homenageado durante os festejos de 450 anos da cidade de São Paulo. Neste ano, também recebeu várias homenagens, entre elas dos governos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, pela histórica canção Chalana, que compôs em parceria com Arlindo Pinto. Em 2002 foi tema do enredo da Escola de Samba Rosas de Ouro. Italiano de nascença, o Rei do Acordeon pode ser considerado brasileiro, já que aos 4 anos, deixou Veneza e com sua família, veio para o Brasil.
Aos 12 anos Zan foi apelidado de ?Moleque da Sanfona?. Aos 13, mudou-se para o Ipiranga, já na capital paulista, e estreou como sanfoneiro profissional. Ao longo da carreira compôs cerca de 100 músicas, das quais ao menos um terço seria regravada por intérpretes como Roberto Carlos e Almir Sater. Seu maior sucesso é Nova flor, também conhecida como Os homens não devem chorar. Sucesso nas rádios por longos anos, ele registrou 200 canções, 110 LPs e mais de 50 CDs.
Chalana
Lá vai uma chalana,
Bem longe se vai
Navegando no remanso
Do Rio do Paraguai
Ah! Chalana, sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
E assim ela se foi
Nem de mim se despediu
A chalana vai sumindo
Na curva lá do rio
E se ela vai magoada
Eu bem sei que tem razão
Fui ingrato
Eu feri o seu meigo coração
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Mário Zan e Arlindo Pinto