Há 32 anos estreavam no palco do Anhembi, em São Paulo, Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Era o grupo Doces Bárbaros. “Nascia ali, por uma iniciativa empresarial, uma das mais geniais formações da música brasileira, uma síntese do que tinha acontecido dez anos antes, com o tropicalismo”, diz Jom Tob Azulay, que filmou a turnê do quarteto em 1976 e lança agora o documentário Doces Bárbaros em DVD.
“Trinta anos se passaram desde o lançamento do filme, em 1978, e ele ainda é atual. Acredito que agora é o momento. Hoje eles realmente podem ser interpretados como na época, com a ditadura, não foram.” Jom Tob conta que a crítica rechaçou o grupo, sequer ‘citado como lançamento do ano’. “Eles não entenderam, não viam as mensagens políticas.” Mas, entre os jovens, eles faziam sucesso. “Os cinemas lotavam, as filas davam voltas no quarteirão”, conta Jom Tob.
Com imagens de shows, bastidores e entrevistas com os músicos, o documentário mostra, inclusive, um dos momentos mais difíceis na vida de Gilberto Gil: quando foi preso em Florianópolis, com maconha. “Eu não tinha ido para esse show. Já tinha imagens de outros. Mas, quando isso aconteceu, o próprio Gil pediu que eu fosse para lá documentar. Ele sabia que estava vivendo um momento importante”, lembra Tom. Momentos como este fizeram com que o documentarista se encantasse pelo profissionalismo dos baianos.
Para Jom Tob, a reunião do quarteto hoje seria impossível. “Não dá para voltar no tempo. Não se revive a história, aquele foi um momento único.” A sorte foi ter gravado o encontro – sorte mesmo, porque ele assume que documentou quase que por acidente. “Tinha acabado de filmar um show da Elis (Regina) e do Tom (Jobim) nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, fui visitar o (Roberto) Menescal e ele me falou da idéia. Decidimos filmar.” Guilherme Araújo, então empresário dos cantores, segundo o diretor, percebeu ‘de cara a importância do projeto’ e ajudou na orientação. Foi uma iniciativa comercial. “Menescal tinha isso, sabia como ninguém unir mercado e cultura. Eles precisavam ganhar dinheiro, não queriam revolucionar, como o Modernismo. Mas foi genial.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
