"Jatobá, sabe com quem a Lurdinha viajou para Miami? Com o pai da Raíssa!". O comentário, sublinhado no texto jogado num canto da sala de Duda Nagle, que interpreta o "futuro papai" Radar em América, revela muito de seu personagem. Mais do que uma pessoa antenada, que funciona como elo de ligação para diversas situações, o Radar é mesmo um clássico fofoqueiro, embora camufle bem essa vocação para levar e trazer novidades. Para o ator, talvez o jeitão "gente boa" do personagem que ajude a esconder sua faceta um tanto "candinha". "Ele é um fofoqueiro disfarçado. Acho que a fofoca dele é tão natural que ele nem ficou com fama de fofoqueiro. Mas ele conta tudo para todo mundo", diverte-se.
O Radar, contudo, é mais do que um mero fofoqueiro de ocasião. Filho da estressada Vera, de Totia Meireles, ele é o típico filho "tranqüilão", capaz de acalmar a mãe tanto em suas questões afetivas com o namorado Jatobá, de Marcos Frota, quanto nas discussões com a outra filha, Lurdinha, personagem de Cléo Pires. Para a irmã, aliás, ele é a possibilidade de diálogo em casa. Convivendo com duas mulheres envolvidas em relações conflituosas, o Radar acaba sendo a pessoa mais centrada da família, apesar da recente "deslizada". "Ele é o contraponto. A mãe fica toda tensa, mas ele não acha absurdo o namoro da irmã. E agora, com a gravidez da Rose, ele arrumou mais um probleminha para a Dona Vera", destaca.
Em seu terceiro trabalho na tevê, o ator, de 22 anos que estreou como o Peteca em Agora é que são elas, em 2003, e fez o Gabriel em Malhação, em 2004 , pela primeira vez tem um papel de maior projeção. Duda considera as experiências anteriores, embora pequenas, autênticos exercícios para um papel maior, como o que vive agora. Ele não nega, entretanto, que a ajuda de colegas mais experientes foi fundamental para que conseguisse dar conta da maior responsabilidade. "Dei muita sorte de cair em um núcleo com a Totia Meireles e o Marcos Frota. Eles são muito generosos. Tudo contribuiu para ficar um clima bom, para eu me sentir à vontade", derrama-se.
O apoio de pessoas mais experientes não é novidade na vida de Duda. A decisão de investir na carreira artística, por exemplo, acabou fazendo-o interromper o curso de Publicidade, momento em que precisou contar com a compreensão da família. Especialmente da mãe, a jornalista Leda Nagle que, segundo ele, sempre apoiou suas escolhas. E mesmo com o velho desejo da mãe de ver o filho seguir sua profissão, foi justamente a notoriedade de Leda que deu ao ator uma familiaridade com o meio artístico. "Eu fui crescendo e achando tudo isso normal, tudo natural. Você vai desmistificando. Isso me ajudou, porque estar ali é uma coisa muito doida", tenta definir.
O bom momento profissional coincide com um período de grandes mudanças na vida de Duda. Há cerca de um ano, o ator mudou-se para um apartamento só seu. Da mesma forma que a pouca idade teve que conviver com o aumento das responsabilidades, também no apartamento a "bagunça organizada" pós-adolescente divide espaço com o trabalho. Entre tênis jogados, caixas de lasanha semi-pronta e roteiros de "América", o ator, aos poucos, vai amadurecendo. "Meus amigos até brincam comigo, dizendo que eu estou com preocupações de dono de casa. Realmente eu fico tenso, com medo de quebrar alguma coisa, sujar, ter que limpar…", confessa.